Casado e pai de dois filhos, segurança acusado de estupro diz que sexo foi consentido. Mas admite: “Eu errei”
Em entrevista ao “Metrópoles”, Wellington Monteiro reconhece que se tivesse ocorrido o mesmo com a filha dele, teria ido atrás do culpado
atualizado
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O homem acusado de estuprar uma estudante da Universidade de Brasília (UnB) durante uma festa de revéillon disse em entrevista ao Metrópoles que o sexo foi consentido. Proprietário do Grupo Ello, o segurança Wellington Monteiro Cardoso, de 33 anos, casado e pai de dois filhos, desafiou a jovem a confirmar que houve a violência: “Ela vai ter que provar que sofreu abuso sexual”.
A jovem usou a internet para denunciar em detalhes que teria sido estuprada pelo segurança na festa The Box – Reveião e descreveu os momentos de terror que ela alega ter passado (veja o depoimento dela abaixo). A denúncia repercutiu no Facebook no sábado (2/1), após ela divulgar uma carta contando como teria sido o abuso. A vítima postou o registro do boletim de ocorrência, feito na Delegacia da Mulher (204 Sul), e os medicamentos recebidos durante o atendimento hospitalar.A versão do segurança é bem diferente (confira a entrevista abaixo). Wellington disse que a jovem se insinuou para ele e que o acompanhou por livre vontade, sem qualquer tipo de coação, até o local onde ocorreu a relação sexual. Segundo ele, o sexo foi feito em pé e não levou mais de dez minutos. Já a jovem disse que foi abordada e coagida a sair da festa e acompanhar o segurança para ser violentada. A vítima contou que a violência sexual foi tamanha que precisou de ajuda médica para retirar o absorvente interno que usava.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), onde o segurança prestou depoimento na madrugada desta segunda-feira (3/1). Ele está em liberdade e voltará a depor durante a investigação. A polícia vai ouvir a jovem, os amigos dela, outras testemunhas e os organizadores da festa.
Entrevista com Wellington Monteiro:
Como tudo aconteceu?
Estava trabalhando na festa. Minha função era supervisionar o local. Ela começou a olhar para mim e chamou a minha atenção. Teve um momento que chegou a colocar o seio para fora da roupa. Ela me abordou com mais dois amigos e ficou se esfregando neles. Um dos colegas dela me perguntou como eu conseguia me controlar diante daquilo. E aí perguntei se ela queria sair de lá comigo. Como estava de serviço, uniformizado, não poderia ficar com a menina ali. Ela caminhou ao meu lado. Não estávamos abraçados, nem nada parecido. Não podiam dizer que eu a arrastei. Ela me perguntou para onde iríamos e eu disse que seria em um local mais reservado. Ela foi com as pernas dela, embora tenha bebido. Mas não estava embriagada. Não pensei que ia tomar essa dimensão. Foi tudo rápido, em pé. Não durou mais do que dez minutos.
Você tinha ingerido bebida alcoólica?
De forma alguma. Estava trabalhando.
Você já fez sexo com outras mulheres em festas em que estava trabalhando?
Nunca. Foi a primeira vez. Me empolguei com a situação pelo fato de ela ser bonita.
É verdade que você chamou outro segurança?
Sim. Eu disse a ela que ia chamar um amigo. E ela ficou esperando. Mas esse meu amigo também era segurança e se negou a ter relação com ela por não ter preservativo.
Por que você acha que ela fez a denúncia?
Ela estava com absorvente interno e parece que ele ficou preso na vagina. Acho que para tirar, ela teria que ir em um hospital. E, pelo o que eu vi nas redes sociais, ela participa de grupos feministas. Aí juntou tudo e jogou no ventilador. Mas não entendo como uma mulher que se diz de caráter e preza pelo direto da mulher toma uma atitude dessa. Ela deveria ser mais coerente.
Você é casado?
Nossa! Estou com a minha mulher há quase 16 anos. Temos 13 anos de casados. Ela foi comigo até a delegacia, mas está muito abalada. Meu maior erro de ter ficado com ela foi pelo fato de eu ser casado. O ato que cometi foi adultério e não estupro. Minha esposa me deixou. Destruí o meu casamento.
Os seus filhos estão sabendo da história?
Não. Estou tentando deixá-los fora disso.
Como você está lidando com essa denúncia?
Minha empresa foi para a lama. Minha vida foi totalmente destruída. Colocaram a minha foto em jornais. Estou sendo caçado! Tive que deletar todas as minhas contas das redes sociais. Fiz minha parte como cidadão e prestei meu depoimento. Mas estou sendo condenado por pessoas que não sabem o que aconteceu.
E se isso tivesse ocorrido com uma filha sua? O que você faria?
Acredito que, primeiramente, a gente como parente toma a dor de quem é da gente. A partir de um certo momento, a gente passa a analisar a veracidade dos fatos. Mas se fosse comigo, eu teria tomado a mesma atitude que o pai dela tomou. Também tentaria ir atrás do culpado para saber o motivo daquilo tudo.
Ficou alguma lição?
Como pai e marido, eu errei. E estou pagando absurdamente por isso. Mas queria muito perguntar para ela por que ela fez isso.
Então não houve violência sexual?
Não. Houve uma atração mútua. Foi o momento. Agora, ela vai ter que provar que sofreu uma violência sexual.
Leia o depoimento da jovem que denunciou o suposto estupro publicado na página dela no Facebook: