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Cadete da PMDF diz ter sido humilhado por oficiais em mix de funk

Segundo a denúncia, funk com áudio enviado por cadete foi colocado no momento em que cerca de 200 alunos se reuniram para marchar

atualizado

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policiais militares
1 de 1 policiais militares - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Um cadete da Polícia Militar denunciou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) suposto abuso ocorrido durante o curso de formação para oficiais da corporação. Segundo o militar, os coordenadores da Escola de Formação de Oficiais (EsFO) colocaram funk para tocar no momento em que cerca de 200 alunos se reuniram para marchar. A música era um remix que misturava as batidas do ritmo carioca com um áudio enviado pelo policial a seus superiores.

O caso ocorreu na noite do dia 9 de dezembro. Procurado pelo Metrópoles, Anthony Couto, 37 anos, detalhou que um dos oficiais da EsFO ordenou que o operador de som executasse um funk contendo a mixagem de uma mensagem de voz em que o cadete alega que não poderia comparecer à Academia de Polícia por razões de saúde, situação conhecida como “baixa”. No áudio, o PM diz: “Baixei aqui”, em referência à restrição médica.

Segundo o relato, cumprida a ordem, quase 200 alunos do curso de formação de oficiais marcharam por mais de dois minutos, enquanto escutavam a mixagem de deboche. O militar afirmou que oficiais deram risadas e fizeram piadas.

Confira o áudio:

Ainda segundo a denúncia, enquanto a música era executada, a tropa passava em continência aos superiores. A bandeira do Brasil estava incorporada na ocasião, o que pode configurar um crime militar. O artigo 161 do Código Penal Militar prevê como crime: praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional. A pena prevista é detenção, de um a dois anos.

“Eu estava conduzindo a formatura e não imaginava que isso poderia acontecer. Fiquei extremamente abalado e, na hora, tive que me segurar para não me desestabilizar. Segurar o emocional para conseguir concluir a missão que me foi dada. Me senti humilhado. Estou à base de remédio para dormir, ansiedade”, desabafou o cadete.

Ele lembrou que os policiais estão adoecendo cada vez mais. “Quando a depressão é desencadeada pelos próprios superiores, fica ainda mais difícil. Muitos não têm coragem de denunciar”, acrescentou.

O cadete afirma que esta foi a gota d’água e que vem sofrendo uma série de medidas punitivas discricionárias. Todos os casos foram relatados oficialmente ao MPDFT, que apura as denúncias.

“Busco a melhoria. Sempre fui um praça de destaque. Trabalhei no Grupo Tático, o Gtop. Estou há dois anos no curso e, desde que entrei, tenho sido alvo de punições, PAD, sindicâncias. Cheguei a passar 100 dias preso por motivos injustificados. Já fui alvo de inquéritos que, sequer, havia indício de crime militar. Todos foram arquivados”, ressaltou.

Ao Metrópoles, o MP informou que a denúncia foi encaminhada à Corregedoria da PM. A Auditoria Militar vai acompanhar o caso. O comandante-geral da corporação, Julian Rocha Pontes, disse que mandou verificar a situação, mas que acredita se tratar de “denúncia infundada”.

A reportagem acionou a comunicação da PMDF, que não havia se manifestado oficialmente até a última atualização deste texto.

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