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Brasilienses sofrem com delegacias fechadas e reclamam de insegurança

Quatorze unidades policiais fecham as portas durante as noites e os fins de semana. O que os candidatos ao GDF têm a dizer?

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1 de 1 portao - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Quatorze delegacias de polícia do Distrito Federal não funcionam após as 19h nem aos fins de semana por falta de pessoal e infraestrutura. Essa situação ocorre desde setembro de 2016 e, para ser solucionada, de acordo com o Sindicato da Polícia Civil (Sinpol), é preciso aumentar o efetivo de 4,3 mil para 8 mil servidores e investir na corporação.

O acúmulo de funções e as condições precárias de trabalho são as principais críticas dos policiais. Essas queixas estão estampadas em faixas nas entradas das unidades que funcionam apenas em dias úteis até as 19h.

Levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) divulgado em 2017 reforça o discurso da categoria. A pesquisa aponta que 87,1% das delegacias da capital federal não têm servidores suficientes para funcionar adequadamente.

O estudo mostra também que 36,7% das 49 unidades existentes sequer têm delegados presentes e os plantões funcionam em regime de sobreaviso. “O atual governo não supriu nem mesmo as aposentadorias que aconteceram nos últimos três anos e meio”, diz Rodrigo Franco, presidente do Sinpol.

Outro problema, apontado pelo presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo), Rafael Sampaio, é a subnotificação de ocorrências. “O fechamento das delegacias virou política de governo, pois provoca a diminuição de registros. O governador Rollemberg não quer resolver esse problema para não expor as consequências de sua péssima gestão”, afirma.

A defasagem do quadro é alarmante e inviabiliza o atendimento à população mais carente durante 24 horas em todas as delegacias, e a consequência é a redução de registros de crimes que estão acontecendo

Rafael Sampaio, presidente do Sindepo

Além disso, a falta de policiais afeta o andamento das investigações. O relatório do CNMP revela que 44 DPs têm inquéritos abertos há mais de dois anos. De acordo com números divulgados pela PCDF no fim do mês passado, a corporação recebeu 204.679 ocorrências de janeiro a junho de 2018, indicando média de 1,1 mil registros a cada dia.

O baixo efetivo reflete na sensação de insegurança no DF. O Metrópoles entrevistou moradores das regiões afetadas pelo fechamento das delegacias, que estão assustados com os casos de violência nas cidades.

Esta reportagem faz parte de uma série que aborda diversos problemas da capital da República, como saúde, educação, mobilidade e segurança pública. A cada editorial, os candidatos ao governo do DF serão questionados sobre o que fariam, caso eleitos, para solucionar as questões. Veja, ao final da matéria, o que os políticos têm a dizer.

Demora
A repositora Maria Helena, 51 anos, trabalha próximo à 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) e coleciona histórias de insatisfação. “Se quando as delegacias estão abertas dificilmente conseguem atender todas as ocorrências, imagina com elas fechadas?”, questiona.

Ela conta que a casa do irmão foi assaltada no início deste ano e a perícia da Polícia Civil demorou três dias para chegar ao local. Segundo Maria Helena, os ladrões deixaram a residência toda bagunçada e cheia de vestígios. “Quando os peritos chegaram, já estava tudo limpo e arrumado, porque não tinha como ficar naquelas condições sem saber quando iam aparecer”, lamenta.

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Maria Helena, 51 anos, repositora reclama da demora no atendimento das ocorrências
8ª Delegacia de Polícia
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Maria Helena, 51 anos, repositora reclama da demora no atendimento das ocorrências

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17ª Delegacia de Polícia

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Assaltos em frente à DP
Na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) o portão é trancado com cadeado às 19h, em ponto. A unidade é responsável por áreas com grande número de ocorrências, como o condomínio Sol Nascente, e o encerramento precoce das atividades alterou a rotina de moradores da região.

A técnica em coleta de laboratório Fabíola Grace Batista, 35 anos, volta diariamente do trabalho por volta das 21h30. A delegacia fica justamente no trajeto entre o ponto de ônibus e sua casa. Antes do fechamento, ela fazia o percurso tranquilamente, mas agora precisa esperar o marido, Jorge da Silva Luduvico, buscá-la para voltarem juntos. “Os bandidos nem ligam mais e assaltam na porta da DP”, relata.

Mesmo aumentando os cuidados com a segurança, Fabíola e o irmão foram assaltados, no início do ano passado, a 100 metros da entrada da unidade policial. Eles tiveram as carteiras e os celulares roubados. “O pior é que tive de esperar a delegacia abrir no dia seguinte para fazer o registro da ocorrência. É muito desanimador”, desabafa a técnica.

Cícera Maria da Silva, 39 anos, sofreu com problema semelhante. No ano passado, ela procurou a 19ª DP para comunicar o desaparecimento do sobrinho. No entanto, como já se passava das 19h, ela encontrou o portão trancado. “Tive que pegar um ônibus, à noite, para ir à delegacia do Setor O. É um absurdo”, reclama.

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19ª Delegacia de Polícia é trancada, todos os dias, com cadeado
Cícera Maria teve de pegar um ônibus e ir a outra delegacia para registrar desaparecimento de sobrinho
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Casal Jorge da Silva e Fabíola Greice: "Assaltos na porta da delegacia"

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19ª Delegacia de Polícia é trancada, todos os dias, com cadeado

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Cícera Maria teve de pegar um ônibus e ir a outra delegacia para registrar desaparecimento de sobrinho

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Sem revelarem seus nomes por temerem represálias, policiais da delegacia do P Norte dizem que o fechamento da unidade causa prejuízos à segurança da maior e mais populosa cidade do DF. Segundo eles, a medida faz com que muitos crimes fiquem subnotificados.

“Se a pessoa sofre um assalto e tem a carteira roubada, ela não vai ter dinheiro para ir a uma delegacia longe de casa para registrar o boletim de ocorrência. Então, muitos delitos de menor potencial ofensivo acabam não entrando para as estatísticas oficiais”, explica um agente.

Insegurança nas delegacias
Problemas nas estruturas também são reclamações recorrentes entre os servidores da PCDF. Recentemente, a 17ª DP (Taguatinga) recebeu grades de proteção para evitar a entrada de moradores de rua e pessoas embriagadas. De acordo com um agente, que também não quis se identificar, a cerca era uma reivindicação antiga.

“O que nos protegia era apenas uma porta de vidro. Como o número de depredações aqui é grande, constantemente tínhamos problemas”, revela.

Em março deste ano, as vidraças da delegacia foram quebradas durante ataque de fúria de um defensor público de 55 anos. De acordo com a Polícia Civil, o homem, identificado como Juscelino Campos de Oliveira, estava com “os ânimos exaltados” e “sintomas de embriaguez”. Ele deu socos contra a porta e conseguiu quebrar duas vidraças. A unidade estava fechada na hora do incidente.

A 8ª DP, no Setor de Indústria e Abastecimento, também é alvo de reclamações por parte dos servidores. Eles afirmam que o prédio é inadequado para a atividade. Segundo policiais, os vidros expõem o público, as salas são pequenas e não há acessibilidade. Além disso, o estacionamento é insuficiente para as viaturas e os veículos de quem frequenta o local.

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Estrutura foi colocada para a proteção dos policiais
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Homem quebrou a porta da 17ª DP, no ano passado , durante um ataque de fúria

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Estrutura foi colocada para a proteção dos policiais

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O que dizem os buritizáveis
O Metrópoles questionou os candidatos a governador do DF sobre o que podem fazer para resolver esse problema na segurança pública. Veja as propostas:

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<b>Alexandre Guerra (Novo):</b> “É inadmissível as delegacias estarem fechadas. Há uma campanha com a informação de que o registro de ocorrências caiu, mas não foi a violência que diminuiu, é a falta de lugar para registro delas. Precisamos de infraestrutura, tecnologia e, se for necessário, repor os quadros. É o que faremos”
<b>Antônio Guillen (PSTU): </b> “É preciso ampliar os horários das delegacias, contratar policiais. Além de atender a população, eles têm um papel investigativo importante. Temos um estudo de que há dinheiro, o problema é que são desviadas verbas para a terceirização e para a corrupção. A dívida do empresariado é de R$ 32 bilhões. Precisamos de fiscais para cobrar essa dívida. Temos ainda a isenção de ICMS a grandes empresários, um subsídio ao transporte milionário. Se readequarmos a lógica, pararemos de punir policiais, professores, médicos. Temos uma visão de governar para os trabalhadores. Precisamos acabar com essa prática de a máquina do Estado funcionar para o alto empresariado”
<b>Eliana Pedrosa (Pros):</b> "É preciso valorizar o profissional da segurança pública. Antes de mais nada, vamos fazer a paridade da Polícia Civil com a Polícia Federal. Dependendo da situação orçamentária do GDF quando assumirmos, não vamos inventar a roda: se há déficit de pessoal, vamos fazer concurso público. O que não pode perdurar é essa sensação de insegurança que está afligindo o povo do DF"
<b>Fátima Souza (PSol):</b> Delegacias fechadas à noite, quando boa parte dos crimes acontece, é um atestado de falência administrativa. A defasagem de quase 50% mostra que os governos anteriores e o atual não sabem o que é planejamento. A mesa permanente de negociação com todo o funcionalismo, que vamos criar, vai destravar algumas negociações para possibilitar que as demandas mais urgentes da corporação sejam resolvidas"
<b>General Paulo Chagas (PRP):</b> “Temos um problema de efetivo que precisa ser resolvido. Mesmo com a melhor Polícia Civil do Brasil em termos de eficiência, vemos uma reclamação generalizada. Para resolver, eu analisaria primeiro a estrutura organizacional da polícia. Verificaria quantos policiais são necessários na burocracia e puxaria o restante para a ponta de linha. Só assim teremos uma noção de qual efetivo é necessário. É preciso racionalizar para não tomar nenhuma decisão precipitada”
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Alberto Fraga (DEM): “Isso mostra o total descaso com a segurança pública. Fechar delegacia deveria ser crime. O efetivo da Polícia Civil está defasado e, se eu for governador, vou trazer de volta à corporação um efetivo de um patamar aceitável. Esse governador é malandro. Não abre delegacia para ter crimes subnotificados. Vou também dar a paridade para a Polícia Civil após analisar o orçamento. Temos o Fundo Constitucional e ele é para a polícia. Vou abrir essa caixa-preta”

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Alexandre Guerra (Novo): “É inadmissível as delegacias estarem fechadas. Há uma campanha com a informação de que o registro de ocorrências caiu, mas não foi a violência que diminuiu, é a falta de lugar para registro delas. Precisamos de infraestrutura, tecnologia e, se for necessário, repor os quadros. É o que faremos”

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Antônio Guillen (PSTU): “É preciso ampliar os horários das delegacias, contratar policiais. Além de atender a população, eles têm um papel investigativo importante. Temos um estudo de que há dinheiro, o problema é que são desviadas verbas para a terceirização e para a corrupção. A dívida do empresariado é de R$ 32 bilhões. Precisamos de fiscais para cobrar essa dívida. Temos ainda a isenção de ICMS a grandes empresários, um subsídio ao transporte milionário. Se readequarmos a lógica, pararemos de punir policiais, professores, médicos. Temos uma visão de governar para os trabalhadores. Precisamos acabar com essa prática de a máquina do Estado funcionar para o alto empresariado”

Imagem cedida ao Metrópoles
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Eliana Pedrosa (Pros): "É preciso valorizar o profissional da segurança pública. Antes de mais nada, vamos fazer a paridade da Polícia Civil com a Polícia Federal. Dependendo da situação orçamentária do GDF quando assumirmos, não vamos inventar a roda: se há déficit de pessoal, vamos fazer concurso público. O que não pode perdurar é essa sensação de insegurança que está afligindo o povo do DF"

Hugo Barreto / Metrópoles
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Fátima Souza (PSol): Delegacias fechadas à noite, quando boa parte dos crimes acontece, é um atestado de falência administrativa. A defasagem de quase 50% mostra que os governos anteriores e o atual não sabem o que é planejamento. A mesa permanente de negociação com todo o funcionalismo, que vamos criar, vai destravar algumas negociações para possibilitar que as demandas mais urgentes da corporação sejam resolvidas"

Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
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General Paulo Chagas (PRP): “Temos um problema de efetivo que precisa ser resolvido. Mesmo com a melhor Polícia Civil do Brasil em termos de eficiência, vemos uma reclamação generalizada. Para resolver, eu analisaria primeiro a estrutura organizacional da polícia. Verificaria quantos policiais são necessários na burocracia e puxaria o restante para a ponta de linha. Só assim teremos uma noção de qual efetivo é necessário. É preciso racionalizar para não tomar nenhuma decisão precipitada”

Hugo Barreto/Metrópoles
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Ibaneis Rocha (MDB): “Essa é uma questão muito clara, o governador reduz as delegacias para diminuir os índices de criminalidade. Quer amordaçar a polícia. No meu governo, vou colocar policiais militares e civis trabalhando. Quero valorizar as pessoas. Os servidores merecem respeito, condições de trabalho. Em Brasília, não falta dinheiro. Falta gestão”

Reprodução / Facebook
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Júlio Miragaya (PT): "O fundamental é que o interesse da população seja respeitado, e a população precisa que as delegacias funcionem plenamente. Mantê-las funcionando é responsabilidade do Estado"

Cofecon/Divulgação
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Renan Rosa de Arruda (PCO): "A questão principal é o modelo de educação que buscamos construir. Perceba que o sucateamento da estrutura educativa do país, espaços físicos e formação de docentes é uma ação deliberada do estado burguês. A reforma do ensino médio aprovada no congresso pelo governo golpista demostra isso. No GDF não poderia ser diferente. O PCO defende a educação pública, laica, gratuita e de boa qualidade. Os recursos de aprendizagem devem ser assim consolidados"

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Rodrigo Rollemberg (PSB): "Estamos contratando delegados conforme cronograma anunciado, nomeamos todos os agentes aprovados em concurso anterior e analisamos a possibilidade de reforçar os quadros com 217 excedentes, após a decisão do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Mesmo com a redução do efetivo, concluímos os três primeiros anos de governo com a maior redução do número de homicídios do Brasil. No Distrito Federal, a queda acumulada foi de expressivos 38%, conforme comprovam os dados do Fórum Nacional de Segurança Pública"

Hugo Barreto/Metrópoles
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Rogério Rosso (PSD): "Tenho apontado esse problema há tempos. Estamos nos preparando para fazer o maior mutirão de reforma, recuperação e modernização das escolas públicas do DF em todos os tempos. Não serão apenas obras físicas, mas também a instalação de internet de alta qualidade, laboratórios de informática, equipamentos de Cultura, esportes , empreendedorismo e convivência"

Michael Melo/Metrópoles

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