Bando roubava, “esquentava” e vendia mercadorias em supermercados
Operação da Polícia Civil com a Secretaria de Fazenda do DF fecha o cerco contra grupo criminoso que agia no Distrito Federal há quatro anos
atualizado
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Onze pessoas são alvos de mandados de prisão em uma operação deflagrada pela Polícia Civil do DF (PCDF), em parceria com a Secretaria de Fazenda do DF, na manhã desta quarta-feira (13/6). Elas são suspeitas de roubar cargas e fazer revenda das mercadorias em supermercados de diversas regiões administrativas.
A investigação da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) resultou, ainda, em três conduções coercitivas (quando se a pessoa é obrigada a depor) e no cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão.
A operação, batizada de Vocatus, ocorre em Águas Claras, Estrutural, no Gama, em São Sebastião e na Cidade Ocidental (GO). Além do Distrito Federal, os investigados atuavam no Entorno e também praticaram crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Trata-se de um desdobramento de uma outra ação deflagrada em 7 de março deste ano, quando foram apreendidas aproximadamente 50 toneladas de mercadorias roubadas. O flagrante ocorreu no Gama.
Imagens da primeira operação que ocorreu em março:
As apurações mostram que os criminosos atuavam há pelo menos quatro anos. O esquema funcionava como um verdadeiro “centro de distribuição”, tendo como fornecedores assaltantes do Entorno do Distrito Federal. Eles atuavam, principalmente, às margens das BRs 060 e 153.
Havia, ainda, integrantes responsáveis apenas por negociar a carga roubada. Os criminosos contavam com “atravessadores”, que intermediavam as vendas das mercadorias roubadas com os supermercados
Ciclo de empresas
A polícia descobriu que a carga era armazenada em galpões alugados no DF e, posteriormente, comercializadas em supermercados de Santa Maria, Gama, Ceilândia e Samambaia. Os criminosos usavam empresas de fachada na emissão irregular de notas fiscais para “esquentar” as mercadorias roubadas e inseri-las nas prateleiras de estabelecimentos comerciais.
O esquema também se valia de um ciclo de empresas, que eram sucessivamente “descartadas” e criadas novas para não chamar a atenção das autoridades. A Polícia Civil identificou um grande número de “laranjas” e “testas de ferro”, que figuravam como sócios dessas companhias.
“A emissão das notas fiscais era feita apenas em relação à parte da mercadoria a ser entregue, de forma que o valor da transação comercial seria equivalente ao de mercado. Entretanto, a mercadoria efetivamente entregue era superior ao valor constante no documento”, explicou o delegado-chefe da Corpatri, Marco Aurélio Vergílio.
Os comparsas faziam os pagamentos à organização criminosa em dinheiro ou entregando veículos, que posteriormente eram revendidos. Sempre com o uso de procurações, dificultando o rastreamento patrimonial e dos ganhos financeiros.
As investigações indicam a existência de inúmeras transações provenientes do lucro auferido com o comércio irregular de carga roubada, incompatíveis com a atividade econômica, ocupação profissional e capacidade financeira presumida dos envolvidos.
Pena
Os investigados foram indiciados por organização criminosa, com as penas variando de três a oito anos de reclusão; lavagem de dinheiro, (três a 10 anos de prisão); receptação (três a oito anos); e falsidade ideológica (um a cinco anos). Foram identificados, até o momento, ao menos 10 crimes praticados pelo bando, o que pode elevar a pena mínima para mais de 30 anos de reclusão.