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Avó de universitário morto no Plano: “É como enterrar um filho”

Márcio Ribeiro Rocha Júnior foi esfaqueado no peito na plataforma superior da Rodoviária enquanto aguardava um transporte por aplicativo

atualizado

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Myke Sena/Especial Metrópoles
Avó de universitário morto na Rodoviária do Plano segura uma flor durante o enterro do rapaz
1 de 1 Avó de universitário morto na Rodoviária do Plano segura uma flor durante o enterro do rapaz - Foto: Myke Sena/Especial Metrópoles

Em clima de consternação, o universitário Márcio Ribeiro Rocha Júnior, 28 anos, foi enterrado na tarde deste domingo (08/03). Vítima de uma facada no peito após ter o celular roubado na rodoviária do Plano Piloto, ele não resistiu ao ferimento e morreu minutos depois de dar entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base do DF (HBDF).

A avó de Márcio, Wilma Ribeiro Rocha, 84, que o criou desde os 12 anos, estava inconsolável. “Foi um filho que eu enterrei aqui agora”, lamenta.

Wilma diz que o neto a ajudava em tudo o que ela precisava. “Era espetacular. Me chamava de vózinha e me ajudava muito”, conta.

Segundo ela, a principal vontade do estudante de redes de computação era ser músico. “Tocava muito violão e guitarra. Era o sonho dele”, diz.

Antes de o caixão ser colocado no túmulo, o pai da vítima, Márcio Ribeiro Rocha, 55, pediu para que fossem rezados um Ave Maria e um Pai Nosso. Abalado, ele chorava sem parar. “Obrigado pelos momentos que a gente viveu juntos. Você foi uma pessoa espetacular. Já estou com muita saudade”.

Discussão e facada

A noiva da vítima, Thaís Araújo, 27, diz que Márcio foi morto por um homem que eles conheceram na saída de uma festa — um vídeo mostra os três caminhando juntos. “A gente saiu do Conic e comprou bebida em uma barraca. Lá, o Marcinho começou a conversar com um cara que foi acompanhando a gente”, conta (veja vídeo abaixo).

Cansada, Thaís pediu uma corrida por aplicativo e avisou que se sentaria na calçada para esperar o carro. Ela ficou de costas para o noivo e não percebeu o que aconteceu. “Não vi nada. Só veio um sujeito por trás e roubou meu celular. Tentei ir atrás, mas perdi de visão. Foi quando olhei e o Márcio estava encostado na mureta”, explica.

Ao se aproximar do companheiro, ela relatou que foi assaltada, mas não esperava o que recebeu como resposta. “Ele disse que roubaram o dele também e ainda recebeu uma facada. A gente foi para o outro lado da rua e pediu para que o motorista de aplicativo nos levasse até o hospital”, lembra.

Atendimento

O homem se negou a realizar o transporte, mas chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegou pouco tempo depois. “O problema é que não tinha equipamento nenhum. Nem oxigênio colocaram no Márcio. Fui sozinha na parte de trás da ambulância, só fizeram o transporte”, reclama.

O cunhado de Márcio, Thales Araújo, 32, também reclama do atendimento. “Ele não levou uma facada letal. Foi uma no peito, corte pequeno que acabou inundando o pulmão de sangue”, lamenta. “Se o motorista de aplicativo tivesse o levado rápido ou a ambulância tivesse estrutura técnica, isso não teria acontecido”, supõe.

Thaís e Márcio estavam juntos havia dois anos e tinham pretensões de se casar. A noiva conta que ele era um homem muito amigável. “Conversava com todo mundo, era muito tranquilo. A gente tinha planos daqui para frente e não sei como vou continuar agora”, lamenta.

O Metrópoles teve acesso ao vídeo que mostra a vítima caminhando com a namorada em direção à Rodoviária, às 4h31. Perto dele, está um dos suspeitos. O casal e o acusado entram no terminal, mas cinco minutos depois voltam para a área externa. Começa uma discussão e outros dois homens aparecem. Os três agridem Márcio e um deles o esfaqueia.

As câmeras flagraram dois dos três envolvidos descendo para a plataforma inferior da Rodoviária. Eles caminham tranquilamente pelas baias dos ônibus logo após o crime. As imagens também mostram a namorada de Márcio tentando socorrê-lo. Alguns minutos depois, o estudante é atendido por uma ambulância.

A namorada de Márcio prestou depoimento na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) e tentou descrever os suspeitos. A unidade policial instaurou inquérito e trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte). Ninguém ainda foi preso.

Dados
As estatísticas da Secretaria de Segurança Pública mostram que o número de ocorrências de latrocínio dobraram neste ano. A comparação é entre os dois primeiros meses de 2019. No ano passado, foram quatro registros de crimes consumados e 25 tentativas. Em 2020, os números passaram para nove e 27, respectivamente. Confira o último balanço divulgado pela pasta na tabela abaixo.

SSP-DF/Divulgação
Dados da Secretaria de Segurança Pública

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