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Áudio: “Demônio da Tasmânia” ameaçava esquartejar vítimas no DF

Ameaças eram feitas por videochamadas, gravações e mensagens. Polícia contabiliza ao menos 100 vítimas no DF e em Goiás

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
vítima do demonio da tasmania
1 de 1 vítima do demonio da tasmania - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Uma mulher de 35 anos, mãe de três crianças, mudou completamente a rotina após a noite do último Natal. Ivone* começou a receber mensagens no celular contendo vídeos de tortura e ameaças. O homem alegava que a moradora de Samambaia havia feito uma “casinha” para matá-lo e que, agora, se vingaria.

A história absurda gerou, inicialmente, um estranhamento na mulher, que não tinha relação com a suposta situação. No entanto, as sucessivas mensagens e videochamadas – nas quais o autor ostentava armas – fez Ivone temer pela segurança da família.

“Ele dizia que tentaram matá-lo e que, antes de atirar, mostraram a minha foto e disseram que eu era a responsável. Como ele sobreviveu, decidiu se vingar. Ele me enviou a foto de uma arma com três balas. Disse que uma era minha e as outras para os meus filhos”, lembra.

Ivone* não foi o único alvo de Luiz Augusto dos Santos, 24 anos. Ele foi preso na manhã desta sexta-feira (31/01/2020), ao sair de casa, no Novo Gama (GO). Conhecido como “Demônio da Tasmânia” pelas vítimas, o rapaz estaria envolvido em mais de 100 casos de extorsão, furto e ameaça.

No caso de Ivone*, Luiz mandou vídeos de pessoas sendo torturadas, homicídios e armas. “Dizia que ele tinha feito aquilo e que arrancaria a cabeça dos meus filhos caso eu não pagasse R$ 500”, contou.

Mesmo desconfiada de que poderia se tratar de um golpe, Ivone ficou aterrorizada.

“Suspeitava de estelionato, mas como poderia ter certeza? Ele me ligava todos os dias com uma ameaça cada vez pior. Dizia que sabia onde eu morava, onde os meus filhos estudavam e que iria nos matar. Comecei a ter crises de pânico. Não saía mais de casa. Como eu não sabia como era o rosto dele, todo mundo que aparecia no meu portão eu achava que poderia tentar algo contra a minha vida”, detalhou a vítima.

Confira ameaças feitas pelo “Demônio da Tasmânia”:

O caso foi registrado na Polícia Civil onde teve início uma investigação. Os policiais da 5ª Delegacia de Polícia (área central) conseguiram fazer uma relação entre os 100 casos de extorsão, furto e ameaça que teriam como autor o mesmo indivíduo. Na manhã desta sexta, a prisão foi efetuada.

“Não tenho paz desde o Natal. Ele apareceu e foi o pior momento da minha vida. Não conseguia dormir achando que ia morrer. Continuo tendo pesadelos. Não sou mais a mesma. Esse “demônio” mudou minha vida. Coloquei a minha casa para alugar, troquei de endereço, mudei os meus filhos de escola. Sofri uma tortura psicológica”, desabafou Ivone*.

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Mulher está com medo
Até os filhos dela foram ameaçados
Ameaças feitas ao amigo da vítima
Criminoso publicava ameaças em seu status do WhatsApp
Conversa com o amigo da vítima
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Mensagens recebidas por vítima com ameaças

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Até os filhos dela foram ameaçados

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Ameaças feitas ao amigo da vítima

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Criminoso publicava ameaças em seu status do WhatsApp

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Autor foi preso em Valparaíso de Goiás

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Luiz Augusto dos Santos

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Ameaça recebida pela vítima

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Delegado Ricardo Oliveira, da 5ª DP

PCDF/Divulgação
Golpe da moto

Também em dezembro do ano passado, Luiz Augusto fez outras vítimas. Uma delas é Pedro*. Ao Metrópoles, ele relatou ter acompanhado um amigo do filho na venda de uma moto. O combinado era encontrar o suposto comprador perto de um supermercado de Santa Maria.

“O anúncio estava em R$ 2 mil, mas ele disse que, se levássemos a moto, poderia pagar até mais. Ao chegar lá, o rapaz conversou, disse que tinha chegado ao DF recentemente e precisava da moto para trabalhar. Pediu para dar uma volta e testar”, detalhou a vítima.

O anunciante subiu na garupa da moto e, durante a segunda volta, o criminoso derrubou o jovem e fugiu. “Em seguida, passou a enviar vídeos de pessoas sendo esquartejadas e dizia que a voz que aparecia no vídeo era a dele e faria o mesmo com a gente, caso registrássemos ocorrência”, contou.

O criminoso fez videochamada, mostrou uma arma e disse que tinha o endereço da família. “No desespero, cheguei a parar uma viatura da PM no meio da pista e mostrei as mensagens. Fui orientado a registrar ocorrência e assim o fiz. Semanas depois, o agente me ligou dizendo que a moto tinha sido localizada em Valparaíso”, disse Pedro.

O que ele não esperava era que a moto fosse localizada com uma nova vítima do estelionatário. Ao saber que a placa do veículo estava com restrição, Luiz Augusto marcou de encontrar outro vendedor e pediu para testar a nova moto. Como garantia, deixou a motocicleta roubada com o anunciante e fugiu.

Cem vítimas

O homem é suspeito de fazer ao menos 100 vítimas no Distrito Federal e em Goiás. De acordo com as investigações conduzidas pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), em todos os casos, o criminoso fazia graves ameaças para que as vítimas não registrassem ocorrência contra ele.

O suspeito é acusado também de extorquir e agredir os alvos. Apenas de janeiro a dezembro de 2019, a Polícia Civil registrou cerca de 40 ocorrências em que o homem aparece como autor.

“Ele via anúncios e se interessava por aqueles que demonstrassem mais necessidade na venda. Não tinha, inicialmente, uma preferência por modelo específico de moto. O prejuízo, nesse momento, é difícil de estimar. São realmente muitas ocorrências”, explicou o delegado Ricardo Oliveira, da 5ª DP.

* O nome das vítimas foi preservado por questões de segurança  

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