Assassinato de estudante no Itapoã expõe insegurança nas escolas do DF
Câmeras do Centro de Ensino Fundamental Zilda Arns, onde jovem foi morto esta semana, estão quebradas desde 2014
atualizado
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Câmeras de monitoramento estão espalhadas pelos corredores do Centro de Ensino Fundamental Zilda Arns, no Itapoã. É a escola onde estudava Gidenilton Ribeiro Lacerda, 26 anos, morto a tiros ali na noite de terça-feira (13/6). No entanto, nenhum dos equipamentos registrou o assassinato do aluno do 5º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA): os aparelhos que poderiam representar mais segurança para alunos, professores e funcionários estão desativados desde 2014.
Uma funcionária da limpeza, que preferiu não se identificar, chegou ao colégio quando as câmeras ainda funcionavam. “Aos poucos, elas foram estragando. Nunca teve manutenção”, comentou, em tom resignado. A informação foi confirmada, em nota, pela Secretaria de Educação do DF.“A unidade escolar conta com quatro vigilantes que trabalham em escala de revezamento, e três porteiros. A escola tem câmeras, mas elas não estão em funcionamento por falta de verba para manutenção, segundo a direção”, destaca o texto. De acordo com a pasta, os colégios públicos brasilienses têm autonomia para comprar equipamentos de segurança.
Dessa forma, a secretaria não sabe precisar quantas câmeras de monitoramento existem, o valor total investido nessas aquisições, em quais e quantas escolas os equipamentos foram instalados e se há alguma das máquinas funcionando como deveria.
Investigações
No dia seguinte ao crime, o colégio estava praticamente vazio, não fosse a presença de alguns servidores e de policiais militares que, tardiamente, se posicionaram no acesso principal. O lugar está em luto. Devido ao assassinato, as aulas estão suspensas: só serão retomadas na próxima segunda-feira (19/6). Cartazes pedindo paz foram afixados no portão da escola.
Mesmo não havendo imagens produzidas pelas câmeras de segurança para contribuir na elucidação do homicídio, segundo a Secretaria de Educação, a direção do colégio adotou todas as providências necessárias e a polícia já teria identificado um suspeito, que é procurado pelas autoridades.
A tragédia, porém, alerta para um problema recorrente na região e em várias unidades da rede pública de ensino do Distrito Federal: a violência. “Infelizmente, falta segurança nas escolas. Faltam vigilantes, porteiros, ronda da Polícia Militar… Muitas unidades têm câmeras, mas elas não funcionam por falta de manutenção”, apontou Samuel Fernandes, um dos diretores do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF).
Em nota, a Polícia Militar disse não ter condições para manter policiamento fixo em cada colégio, mas garantiu fazer rondas constantes no perímetro escolar. Além de confirmar que as buscas pelo assassino de Gidenilton prosseguem, a corporação ressaltou que o crime tem indícios de premeditação. O estudante foi atingido com dois tiros no tórax e um no braço esquerdo. Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local para prestar os primeiros socorros, a vítima já não apresentava sinais vitais.
De acordo com a PM, um rapaz encapuzado entrou na instituição, atirou contra a vítima e fugiu em uma Volkswagen Parati de cor prata. A motivação do crime ainda não foi esclarecida.
Insegurança também na Saúde
O sequestro do pequeno Jhony Júnior, levado do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) na terça-feira (6/6), escancarou a falta de segurança também nas unidades de saúde do Distrito Federal. Entre os 22 hospitais e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da capital, apenas três possuem câmeras de segurança funcionando.
Atualmente, segundo a Secretaria de Saúde, o sistema de vigilância por câmeras está ativo nos hospitais regionais de Ceilândia e de Brazlândia, além do Hospital de Base. A situação viola as determinações da Lei Distrital n° 4.635/2011. Segundo a norma, todas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, berçários e maternidades da rede pública devem ser monitorados por equipamentos de áudio e vídeo.