Apreensão de veículos clonados aumenta 108% no Distrito Federal
Cédulas de documentos em branco furtadas de um depósito do Detran no ano passado e o alto nível de especialização dos criminosos fizeram as estatísticas aumentarem este ano
atualizado
Compartilhar notícia
O número de apreensões de carros clonados no Distrito Federal teve um aumento de 108% com relação ao ano passado. Dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) apontam que, em 2014, 120 veículos foram apreendidos. Este ano, até esta quinta-feira (3/12), o número saltou para 250.
Além da intensificação nas operações de fiscalização, outro fator pode explicar os números: a Polícia Civil e o Detran acreditam que cédulas de documentos em branco furtadas de um depósito do departamento no Recanto das Emas no ano passado foram repassadas para as quadrilhas, dificultando ainda mais a identificação do crime.
Na época, quatro homens renderam os funcionários do posto e levaram 1,7 mil Documentos Únicos de Transferência (DUT) e 787 Certificados do Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). “Também temos registros de tentativa de roubo de documentos em unidades de outras regiões administrativas. Os fraudadores tentam de tudo”, disse o diretor de fiscalização do Detran, Silvain Fonseca.
Sobre o aumento nas apreensões, Fonseca destaca que a intensificação no trabalho das forças de segurança foram fundamentais. “Fizemos mais operações e, em conjunto com a Polícia Militar, conseguimos identificar uma maior quantidade de carros com placas e chassi clonados. Boa parte desses veículos são produto de roubo”, destaca Fonseca.
Só entre a madrugada e a manhã desta quinta, dois carros foram apreendidos com placas clonadas. O primeiro, um Honda Civic, foi identificado pela Polícia Militar em Ceilândia Norte — um homem foi preso acuso de ser o receptador do veículo. Por volta das 8h, agentes do Detran apreenderam, no Sudoeste, um carro que saiu de Goiás em direção ao Distrito Federal. Segundo o órgão, o veículo foi roubado e recebeu a placa de outro carro do mesmo modelo. O caso foi registrado na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro).
“Perfeição”
Na última sexta (27/11), a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV) deflagrou a Operação Replay para desarticular uma quadrilha especializada na adulteração de veículos. As investigações começaram no inicio do ano, e 12 pessoas foram identificadas como integrantes da organização criminosa.
“São pessoas altamente especializadas na adulteração dos sinais dos veículos como chassi, motor, placa e documentação, tornando a identificação dos clones mais difícil para a polícia”, explicou o titular da DRFV, Marco Aurélio.
O alto nível de adulteração também foi percebido pelo Detran. “Notamos mais grupos especializados na área, abordamos e pegamos clonagens quase perfeitas”, ressaltou Silvain Fonseca.
Negócio lucrativo
Ainda de acordo com a investigação da Polícia Civil, carros roubados são vendidos no DF por até R$ 1 mil. Quando passam pelo processo de adulteração, que custa cerca de R$ 3 mil, são revendidos por, no mínimo, R$ 5 mil. O trabalho de falsificação, segundo o delegado Marco Aurélio, exige dedicação é pesquisa. “É preciso elaborar números de chassi que não levantem suspeita, fabricar a placa e adulterar os registros numéricos no interior dos veículos”, detalhou. Para dificultar o rastreio, compras e vendas são feitas apenas mediante ao pagamento de dinheiro em espécie.