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Após dois assassinatos, motoristas de app protestam: “Luto”

A partir das 13h30, condutores saem em carreata do Taguaparque até o Cemitério de Taguatinga, onde uma das vítimas será enterrada

atualizado

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1 de 1 Motoristas-fazem-protesto - Foto: Reprodução/Facebook

Após dois homicídios em 48 horas, motoristas de aplicativo farão uma manifestação no começo da tarde desta segunda-feira (14/10/2019) para pedir mais segurança. O protesto está marcado para começar às 13h30. A concentração será no Taguaparque. De lá, os condutores, que estão circulando com a palavra luto grafada nos veículos, seguem para o Cemitério de Taguatinga, onde Henrique Coelho, 25 anos, uma das vítimas, vai ser enterrado.

Seis adolescentes foram apreendidos pela Polícia Militar nesse domingo (13/10/2019). Eles são suspeitos de roubar e matar o motorista de aplicativo. Os menores estavam com o carro e outros pertences da vítima. À PM, eles deram detalhes do crime e disseram que estrangularam Henrique porque o rapaz teria reagido ao assalto. O corpo do rapaz foi encontrado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) por um taxista.

Policiais faziam ronda no Guará, quando avistaram um HB20 branco na QE 30. Ao perceberem a aproximação da viatura, os suspeitos invadiram a calçada com o carro, mas foram alcançados e abordados. O menor que dirigia o automóvel ainda tentou sair correndo, mas foi capturado. Durante a fuga, ele jogou a chave do carro na rua.

Dentro do veículo, os policiais encontraram simulacro de pistola, facão, faca, canivete, cinco celulares, R$ 103 em espécie, além da Carteira de Habilitação da vítima. Três menores confessaram a morte por estrangulamento da vítima. Eles disseram que saíram de uma festa e pediram um carro de aplicativo. No meio do caminho, anunciaram o roubo e em seguida deram uma gravata na vítima.

Ao chegar na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), foi confirmado que um dos adolescentes tinha mandado de busca e apreensão em aberto por ato infracional análogo ao crime de roubo. Os outros também colecionavam várias passagens por tráfico, assalto, furto e porte de arma de fogo.

PMDF/Divulgação
Objetos apreendidos com os suspeitos

Henrique foi encontrado com sinais de esganadura e sem um sapato na madrugada de domingo. Um taxista o viu caído no Setor de Transportes de Cargas, nas proximidades da Cidade do Automóvel, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. O Corpo de Bombeiros foi ao local e verificou que a vítima estava sem vida.

No bolso de Henrique, os policiais encontraram nota fiscal de compra em um mercado da 402/403 Sul, constando horário de 20h02 de domingo, e uma sacola plástica do mesmo estabelecimento — ambos apreendidos pela perícia. As equipes também localizaram uma aliança de prata no local, que provavelmente pertence a Henrique.

Reprodução/Facebook
Henrique Dias

 

A família dele chegou a registrar ocorrência por desaparecimento. Segundo uma tia de Henrique contou à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o último contato do sobrinho aconteceu por volta da 0h10 de domingo, quando informou à namorada que iria pegar um passageiro em um posto de combustível na entrada do Núcleo Bandeirante. O rapaz trabalhava como terceirizado da Caixa Econômica Federal (CEF).

A Polícia Civil também investiga a morte de outra vítima. Tiego Cavalcante, 28, foi assassinado na Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Samambaia na noite de sexta-feira (11/10/2019). Ele também trabalhava como motorista de aplicativo de transporte. Amigo de Tiego, o barbeiro Jonathan Gonçalves, 28, disse que o motorista era “uma pessoa maravilhosa”. “Ajudava os outros e gostava muito de trabalhar”, contou. Tiego trancou a faculdade de direito e se dedicava ao trabalho com os aplicativos e às artes marciais, treinando krav magá e jiu-jitsu.

“A gente não sabe se volta”
Após os dois casos graves, que terminaram em tragédia, a insegurança envolvendo os aplicativos de transporte voltou à tona. “O trabalhador sai de casa e não sabe se volta”, resumiu o presidente do Sindicato dos Motoristas Por Aplicativo do Distrito Federal (Sindmaap-DF), Marcelo Rodrigues Chaves.

O sindicalista cobra melhorias no sistema. “Os aplicativos poderiam pedir, além de documento com foto, uma selfie para o passageiro antes de ele abrir a conta”, sugeriu.

 

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