Após ataque à psicóloga na 408 Sul, Novacap poda árvores no local
Moradores pedem, há três anos, a ação do órgão, já que o estacionamento ficava escuro e encoberto, gerando insegurança
atualizado
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Dois dias após o ataque à psicóloga Ieda Maria Neiva Rizzo, 54 anos, entre os blocos A e B da 408 Sul, equipes da Novacap fazem nesta quarta-feira (10/1) operação de poda de árvores no local do crime. A mulher estacionou o carro durante a noite e foi abordada por dois homens. Ela contou que os suspeitos queriam estuprá-la. Ao reagir, acabou baleada no peito. Moradores contaram ao Metrópoles que há mais de três anos cobram o serviço do órgão e que até um abaixo-assinado foi encaminhado para reforçar o pedido.
Imagens captadas pelas câmeras de segurança mostram que o estacionamento onde Ieda colocou o carro é coberto pela copa das árvores e escuro, o que pode ter estimulado a ação dos bandidos. Segundo os moradores, anteriormente o condomínio fazia o trabalho de poda com uma empresa contratada, mas foi proibido por conta da legislação ambiental.
“Esperamos tanto tempo pela Novacap, que as raízes das árvores perfuraram até a tubulação de esgoto. Me preocupa sair à noite sozinha, entrar ou sair do carro”, desabafou a pensionista Maria Vandalice, 81 anos. Perácio dos Santos, 79 anos, confirma os pedidos feitos para a poda. Ele contou que mora no mesmo bloco desde 1974.A Novacap, em nota, contestou a versão dos moradores. A empresa disse que, desde 2015, realizou na região 24 podas de árvores, uma erradicação e três podas drásticas, em diversos blocos da quadra, tendo atendido todas as solicitações recebidas.
Imagens
Um vídeo obtido pela Polícia Civil mostra com detalhes a fuga do homem que deu um tiro na psicóloga. As imagens registraram o momento no qual o autor do delito deixa o local, correndo. Bem vestido, alto, de cabeça raspada e usando barba, o criminoso ainda não foi identificado pelos investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). Desde a divulgação das imagens, quatro testemunhas procuraram a DP para ajudar com informações.
O vídeo é a principal prova usada pela investigação para colocar o suspeito na cadeia. As câmeras que captaram a fuga estão instaladas em um prédio vizinho. Investigadores percorrem a região, tentando levantar informações sobre o homem, que não aparenta ser morador de rua ou usuário de drogas.
De acordo com a Polícia Militar, a informação era de que dois homens se aproximaram após a mulher descer do carro, no estacionamento do prédio onde mora seu namorado. Eles tentaram estuprá-la, mas, como a vítima reagiu, um dos bandidos atirou. A linha de investigação da Polícia Civil, no entanto, é de tentativa de latrocínio – roubo seguido de morte.
“Não me deixe morrer”
Socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a mulher foi encaminhada para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde passou por cirurgia e fez um procedimento de drenagem no pulmão. Nesta terça, ela foi transferida para um hospital particular.
O porteiro do bloco A, Gimadalberico Antônio da Silva contou o que viu: “Quando cheguei, a vítima ainda estava no chão. O namorado dela pressionava o ferimento e dizia, de forma bem centrada, que tudo iria se resolver. A mulher estava lúcida. Repetia várias vezes: ‘amor, não me deixe morrer’”.
Gimadalberico mora no bloco há 27 anos e conta que a região é tranquila. “Claro que já tivemos muitos casos de furtos a veículos, mas até isso diminuiu bastante. O crime de ontem, porém, foi chocante. O último caso semelhante que vi por aqui foi há mais de 10 anos, na banca de revista da quadra”.
Disque Denúncia
Quem tiver informações sobre os suspeitos pode ligar para o Disque Denúncia da Polícia Civil do Distrito Federal, por meio do telefone 197. A identidade do denunciante será mantida no mais absoluto sigilo.
Estupros
O crime ocorreu horas após a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social divulgar o aumento de 32,4% dos casos de estupro registrados na capital federal em 2017. Foram 667 ocorrências em 2016, contra 883 no ano passado.
De acordo com a Pasta, em 59% dos casos, o criminoso tinha algum vínculo com a vítima – grau de parentesco ou amizade com a família. Não se sabe ainda se os suspeitos de cometerem a tentativa de estupro na noite de segunda (8) conheciam a mulher.