metropoles.com

Após ameaças de ataques, GDF reforça segurança em escolas públicas

Em mensagens nas redes sociais, alunos prometem repetir o massacre de Suzano no Distrito Federal

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
Governo do Distrito Federal entrega os novos carros da marca Corolla a Policia Militar do DF – Brasília(DF), 08/08/2017
1 de 1 Governo do Distrito Federal entrega os novos carros da marca Corolla a Policia Militar do DF – Brasília(DF), 08/08/2017 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu, nesta terça-feira (19/3), reforçar a segurança nas escolas públicas. Em reunião com os secretários de Educação, Rafael Parente, e de Segurança, Anderson Torres, e a comandante-geral da Polícia Militar, coronel Sheyla Sampaio, o governador, Ibaneis Rocha (MDB), decidiu aumentar o contingente policial nas unidades de ensino. Além disso, serão intensificadas as rondas das equipes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) em torno dos colégios.

“Nos próximos dias, vamos ter entre 150 e 180 policiais militares dentro das escolas. A Inteligência vai definir para onde eles vão e quanto tempo vão ficar em cada local”, afirmou Rafael Parente após a reunião. A ideia é que em pelo menos 40 escolas consideradas “mais problemáticas” a presença dos policiais seja constante. “Nas demais, haverá um revezamento”, explicou o secretário.

Segundo Parente, haverá também um monitoramento das redes sociais, especialmente para identificar possíveis ameaças. Na avaliação do secretário, a presença do policial na escola é determinante para garantir a segurança nos locais, incluindo na questão de atentados. As regiões com mais problemas no DF são: Gama, Planaltina, Ceilândia e São Sebastião.

As medidas acontecem após ameaças de ataques em escolas públicas e particulares da capital federal. Até o momento, a Polícia Civil do DF registrou quatro ocorrências nas regiões do Recanto das Emas, Paranoá, Águas Claras e Asa Norte. Mensagens propagando ódio e violência divulgadas nas redes sociais são objetos de investigação por parte da corporação. A maioria das publicações faz referência ao massacre da escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, em 13 de março.

Na última sexta-feira (15), chegou ao conhecimento dos policiais da 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) a foto de frases com símbolos nazistas prometendo um ataque a um centro de ensino da região administrativa no dia 20. Uma ocorrência foi registrada e o caso é investigado pela DP.

Segundo o delegado-chefe da unidade, Pablo Aguiar, é provável que se trate de uma “brincadeira de adolescente”. No entanto, o policial ressalta que qualquer ameaça é investigada. Estudantes de um colégio em São Sebastião também ameaçaram fazer um massacre.

Nessa segunda-feira (18/3), policiais da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) precisaram acionar o esquadrão antibombas da PM para fazer uma varredura no colégio Gisno, na 907 Norte. Quatro adolescentes e um maior de idade publicaram mensagens com ameaças de bomba e morte em massa na escola. Nada foi encontrado, mas as aulas foram suspensas.

Confira mensagens postadas pelos estudantes nas redes:

4 imagens
Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno
Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno
Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno
1 de 4

2 de 4

Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno

Reprodução
3 de 4

Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno

Reprodução
4 de 4

Ameaças pelas redes sociais feitas por alunos do Gisno

Reprodução

Segundo o delegado-chefe da Delegacia da Criança e do Adolescente 1 (DCA-1), Vicente Paranahiba, em vistoria feita na casa de um dos estudantes do Gisno, nada foi encontrado. Ao acessarem o celular do menor, os policiais localizaram a conversa trocada com os outros três colegas, na qual o atentado estaria sendo tramado.

“Ele veio à delegacia acompanhado da irmã, que se apresentou como responsável. No depoimento, disse que a história não passou de uma brincadeira e que não teria ‘coragem de fazer o que estava sendo tramado’. No entanto, [durante a oitiva] ele teceu elogios ao atentado ocorrido em Suzano. Ao que parece, esses garotos foram negativamente influenciados pelo ocorrido em Suzano”, disse o delegado.

Ainda na segunda, no Paranoá, a 6ª Delegacia de Polícia se mobilizou para investigar outras ameaças. “Fomos procurados pela direção da escola. Eles ficaram em pânico com a história de um homem que estava ameaçando fazer um massacre no local semelhante ao de Suzano”, explicou a delegada-chefe da 6ª DP, Jane Klébia.

“Durante as apurações, descobrimos que, em um grupo de WhatsApp, um aluno postou um vídeo portando arma de fogo. Isso gerou os rumores e assustou a todos. O caso segue em investigação”, completou a policial. Os administradores do grupo prestaram depoimento e apresentaram a gravação à polícia.

Em Águas Claras, mensagens trocadas por estudantes de uma escola particular causaram preocupação aos pais e professores. A instituição se manifestou por meio de nota, afirmando que a ameaça foi feita por um aluno em um grupo de amigos, mas que o próprio autor se arrependeu e apagou a mensagem logo em seguida.

A área de inteligência da Segurança Pública também passou a monitorar as redes sociais, em especial Facebook, Twitter e Instagram, por causa de publicações que incitam violência ou veneram a atitude dos autores da chacina na escola de Suzano. Especialistas em crimes virtuais acompanham e pedem autorização judicial para tomar medidas preventivas.

Ao Metrópoles, o secretário de Educação confirmou a informação de cinco registros de ameaças, mas disse que não pode detalhar os casos, pois envolvem estudantes da rede pública.

Comportamento violento
Pós-doutora em psicologia da educação, Maria Eleusa Montenegro diz que só se interrompe o ciclo de violência nas escolas com a promoção da cultura de paz. A professora desenvolve um projeto de pesquisa no Gisno e tem ensinado, com o apoio de alunos de pós-graduação, formas de promover a empatia entre os estudantes.

“Esse tipo de comportamento não surge espontaneamente, num jovem, apenas porque ele viu um episódio de massacre em determinado lugar. Tal comportamento violento já existe nele e, a partir do momento que ele vê que alguém foi capaz daquilo, também se sente incentivado”, explica a pós-doutora.

Segundo a especialista, o acolhimento às vítimas, alunos e comunidade escolar deve ser medida imediata a ser tomada, sem prejuízo para o conteúdo escolar. “Esse tipo de trauma pode gerar vários problemas que não são possíveis prever. O aluno ou profissional pode desenvolver medo de ir à escola e até mesmo uma crise do pânico”, esclarece.

Colaboraram Fernando Caixeta e Francisco Dutra

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?