Ao menos nove chefes da PCDF entregam os cargos e lançam manifesto
Servidores acusam o GDF de intransigência nas negociações salariais. Categoria cobra isonomia com a Polícia Federal. Nova assembleia está marcada para a quinta-feira (10/8)
atualizado
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Pelo menos nove servidores da Polícia Civil entregaram cargos de chefia de seção nesta terça-feira (9/8), em protesto contra a falta de avanço nas negociações com o GDF. Um manifesto duro assinado por ex-gestores da corporação deu a dimensão do grau de insatisfação da categoria, que cobra reajuste salarial e isonomia com a Polícia Federal. Palavras como “prepotente” e “arrogante” foram usadas para qualificar a forma como o Palácio do Buriti vem conduzindo as negociações.
“O Governo do Distrito Federal tem demonstrado inabilidade e desrespeito sem precedentes na condução das negociações com os policiais civis, eis que, desde que assumiu, sempre se esquivou de efetivamente iniciar um processo de negociação, negando-se a receber os representantes de entidades de classes da Polícia Civil, só o fazendo recentemente, o que poderia ter evitado a eclosão e a radicalização do movimento”, diz um texto do protesto (confira a íntegra abaixo). O documento foi lido no plenário da Câmara dos Deputados por Laerte Bessa (PR-DF), que já comandou a PCDF.
Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civil do DF (Sinpol-DF), Rodrigo Franco, “a atitude demonstra como a categoria está insatisfeita com o GDF. Ele conseguiu desagradar aos ativos e aos inativos”.Reivindicações
Os policiais civis do DF intensificaram as mobilizações por cobrança de isonomia salarial com a Polícia Federal na última quinta-feira (4/8), dia do primeiro jogo de futebol no DF válido pelas Olimpíadas do Rio-2016.
A categoria está em negociação com o GDF há mais de um mês. Em reunião na terça (2), o governo ofereceu aumento escalonado: 7% em outubro de 2017; 10% em outubro de 2018; e 10% no mesmo mês de 2019. Já no fim da tarde, durante um novo encontro, surgiram outras duas propostas.
A primeira estipulava 23% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,5% em janeiro 2019. Na outra sugestão, os percentuais são de 10% em janeiro de 2017; 13% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,50% em janeiro de 2019.
As propostas foram rejeitadas. Agora, os servidores esperam uma nova oferta do Buriti até a quinta-feira (11), data da próxima assembleia.
Confira a íntegra do documento:
“Os ex-diretores gerais da Polícia Civil do Distrito Federal, ao final relacionados, vimos manifestar, de público, nossa preocupação com a forma atrabiliária, arrogante e prepotente de condução por parte do Governo do Distrito Federal e o eventual desfecho da campanha salarial levada a efeito pelos policiais civil do DF, senão vejamos:
Os policiais civis do Distrito Federal, desde o ano de 2010, vem tentando e aguardando, de forma paciente e ordeira, a recomposição de seus salários, não tendo obtido êxito, sob o argumento governamental de que em face da paridade com os da Polícia Federal, deveriam aguardar o momento oportuno, período no qual a inflação corroeu em torno de 50% o poder de compra , ao tempo em que, nesse interregno, categorias da mesma estrutura da segurança pública e do judiciário, também bancadas com recursos federais, de forma justa, receberam benefícios vários além suas recomposições remuneratórias;
Durante a campanha eleitoral de 2014, perante todas as associações e sindicatos policiais, o candidato a Governador Rodrigo Rollemberg se comprometeu, caso eleito, a manter a paridade entre a Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal, alegando que era uma conquista histórica e legal;
O Governo do Distrito Federal tem demonstrado inabilidade e desrespeito sem precedentes na condução das negociações com os policiais civis, eis que, desde que assumiu, sempre se esquivou de efetivamente iniciar um processo de negociação, negando-se a receber os representantes de entidades de classes da Polícia Civil, só o fazendo recentemente, o que poderia ter evitado a eclosão e a radicalização do movimento;
Recusando-se o Governo do Distrito Federal, por seu governador, em manter a legal e histórica paridade de vencimentos com a Polícia Federal, preferiu judicializar o pleito, com o escopo de desgastar os grevistas e suas entidades representativas, incentivando com declarações inadequadas e inoportunas, o confronto entre instituições que são coirmãs, causando sérios prejuízos para a população do Distrito Federal, o que é lamentável e deveras preocupante;
Assim, os subscritores, que dedicaram suas vidas a Polícia Civil do Distrito Federal, esperam e aguardam, sinceramente, que o Governo do Distrito Federal, por meio do diálogo permanente, sem arrogância, sem prepotência, com interlocução qualificada e com gestões concretas junto à Presidência da República, mantenha a paridade histórica e legal com a Polícia Federal.
E ainda, que neste momento de profunda crise, não se perca de vista a preservação da figura e do papel dos policiais civis, que, aqui e ali, vem sendo indevidamente contrapostos pela confusa Secretária de Segurança Pública, encontre também a solução adequada que restabeleça a harmonia em toda a família policial civil e entre as outras dignas forças de segurança do Distrito Federal.”
O documento é assinado por Idecy Teles de Macedo, Evaldo Carneiro, Eurípedes Alves Barbosa, Milton Barbosa Rodrigues, Rosalvo Gomes de Oliveira, Laerte Bessa, Cleber Monteiro Fernandes, Pedro Cardoso de S. Filho e Mailine Alvarenga.