Amigos prestam homenagem a Jéssica na Universidade Católica
Horas após o enterro da jovem, morta ao ser esfaqueada em Taguatinga na tarde de terça (14/6), colegas fizeram cerimônia no campus da instituição
atualizado
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Colegas de Jéssica Leite, 20 anos, promoveram, na Universidade Católica de Brasília (UCB), um ato em homenagem à jovem, assassinada após ser esfaqueada na tarde de terça-feira (14/6), em Taguatinga. Com pétalas de rosas no chão, balões brancos e uma faixa na parede, na qual estava escrito “Mais amor, por favor”, cerca de 25 alunos se emocionaram ao lembrar da amiga.
Eles fizeram um minuto de silêncio antes de rezar pela universitária. Logo depois, os estudantes contaram boas lembranças que tinham de Jéssica. Um deles falou do carisma da jovem. Outro elogiou o sorriso dela.Alex Vidigal, professor de audiovisual, participou da manifestação e disse que os alunos precisam de apoio. “Vai ser complicado voltar ao normal agora… Só com o tempo para eles se recuperarem e conseguir seguir após uma tragédia dessas”, disse o docente.
Enterro
A homenagem ocorreu horas após o enterro da menina. Sob forte comoção, amigos, parentes, vizinhos e colegas acompanharam a cerimônia. “Eu quero a minha filha, não deixem levá-la. Não quero ficar sem ela”, lamentava a mãe, Mônica, emocionada.
Ela precisou ser amparada enquanto o caixão da filha começou a seguir o cortejo fúnebre antes da cerimônia de sepultamento, no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Por volta das 17h, o corpo de Jéssica foi enterrado.
Todos pareciam não acreditar no que havia ocorrido. A mãe da universitária não saiu de perto do caixão até o fim da solenidade. Sempre acompanhada por amigos, chorava a perda da filha, que cursava o 5º semestre de jornalismo, na Universidade Católica (UCB).
O irmão de Jéssica, Edson, 15 anos, também estava desolado. Ele disse que não dormiu quase nada e que a mãe precisou de remédios para conseguir passar a noite. “Só queremos que tudo termine logo”, desabafou o rapaz.
A polícia investiga o crime, que pode ter sido um latrocínio (roubo seguido de morte) ou homicídio. O celular da universitária desapareceu.
Os amigos alternavam momentos de lembrança, nos quais soltavam alguns risos, e de choro. “Ela era como uma irmã para todos. Não tem palavra melhor. Era uma irmã”, lamentava Heitor Moura, 20, que conhecia Jéssica desde a quarta série. “Ela era muito agregadora. Queria sempre ver os amigos próximos”, completou o rapaz.
Segundo os amigos, Jéssica era como um elo do grupo, e costumava arrancar risadas por onde passava. “Ela adorava andar de patins, mas vivia ralada de tanto cair”, relembra Flávia Alves, 21. A paixão e a intensidade da jovem também foram ressaltadas.
Ela fazia tudo com amor. Desde os encontros com os amigos às atividades da faculdade.
Fernanda Sá, que era da mesma turma da faculdade de Comunicação de Jéssica
Quanto às hipóteses de homicídio, os amigos acreditam que o assassinato foi uma fatalidade. “Éramos muito próximos dela. Ficávamos muito tempo juntos. Ela não tinha namorado ou ficante. Não haveria motivo para alguém matá-la”, garantiu Cristian Figueiredo, 21. A polícia disse que a menina tinha um relacionamento e que o “ficante” chegou a ser ouvido.
Os amigos da faculdade trazem uma rosa branca e estão marcando uma manifestação contra a violência ainda nesta quarta no bloco K da Universidade Católica, logo após o enterro.
O promotor e diretor da Faculdade de Direito da UCB, Diaulas Ribeiro, esteve no velório para prestar homenagens à família. Jéssica trabalhou como secretária do curso até o fim do ano passado. “Todos me chamam por ‘senhor’, mas não a Jéssica. Ela já chegou me chamando de ‘você’. Os outros funcionários não gostavam muito, mas eu achava graça”, conta o acadêmico, que também estava inconformado com o crime.
Qualquer motivo dado será abjeto. Não há explicação para uma sociedade conviver com tal brutalidade. Vivemos um infanticídio, no qual jovens têm seus sonhos destruídos sem qualquer motivo
Diaulas Ribeiro, promotor e diretor da Faculdade de Direito da UCB
Segundo Ribeiro, será criado, até agosto, um Departamento de Estudos para a Paz na Faculdade de Direito da UCB para abordar os problemas da violência e propor soluções para reduzir as estatísticas.
Entenda o caso
A estudante foi atingida com um único golpe de faca num Ponto Comunitário de Encontro (PEC) quando ia para a aula na tarde de terça-feira (14). A perfuração se deu no lado esquerdo do tórax. A bolsa foi encontrada aberta próximo a um banco da praça. Foi levado apenas o aparelho celular, um iPhone 4S, que custa, atualmente, cerca de R$ 500. O crime ocorreu a 200 metros da casa de Jéssica.
De acordo com a polícia, no dia do crime a jovem saiu mais cedo de casa dizendo que ia para a faculdade. As aulas da vítima só começam às 19h30. No entanto, ela desviou o caminho em direção ao ponto de ônibus e sentou em um banco no Ponto de Encontro Comunitário (PEC), local em que acabou morta e que é frequentado por usuários de droga.
“O telefone ainda não foi localizado. A polícia está tentando rastrear o celular e ter acesso a e-mails e conversas de WhatsApp“, explicou o delegado Flávio Messina Alvin, da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga) .