Agentes do Detran usam coletes à prova de balas vencidos há mais de um ano
“Vamos trabalhar com a cara e a coragem”, disse o presidente do sindicato que representa a categoria
atualizado
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Agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) estão com coletes à prova de balas vencidos desde julho de 2014. Caso que chama atenção, uma vez que o órgão destinou R$ 648,5 mil para a compra de 14 motocicletas da marca alemã BMW, aquisição que acabou cancelada na semana passada diante da repercussão negativa. O sindicato dos servidores do órgão confirma que ao menos 80% dos equipamentos de proteção estão com prazo de validade expirado. “Vamos trabalhar com a cara e a coragem”, admite Fábio Medeiros, presidente do Sindetran.
Mesmo com uma arrecadação que chegou a R$ R$ 356,1 milhões em 2015, com a cobrança de multas de trânsito e taxas pelos serviços prestados, o órgão explica que uma licitação foi aberta apenas no ano passado, mais precisamente em setembro, para a compra de 700 coletes, no valor de R$ 795.804,29. Atualmente, o departamento conta com 620 agentes de trânsito.
Segundo denúncia recebida pelo Metrópoles, alguns agentes tiveram que comprar os equipamentos de segurança. “Nós fazemos blitzes, abordagens diuturnamente e corremos grandes riscos como, por exemplo, abordar carros que bandidos conduzem, sequestradores ou traficantes”, explica um servidor que não pediu para não ser identificado.
Questionado sobre o problema dos coletes, o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, conta que nenhum servidor foi orientado a comprar o material.
Ele justifica o atraso na compra dos novos equipamentos de proteção. “Fizemos testes com três empresas, ambas reprovaram. Em março, será realizada uma nova tentativa. Se a empresa for aprovada pelo Exército, a compra será feita de imediato”, disse, ressaltando que a compra dos coletes é tratada como prioridade pela diretoria.
Não somos omissos para com os nossos servidores. Adquirimos novas viaturas e uniformes. Estamos fazendo o que é possível para dar boas condições de trabalho para esses agentes.
Silvain Fonseca, diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF
Destruição
As normas que regulam os procedimentos para a fabricação, avaliação técnica, aquisição, importação e destruição dos coletes à prova de balas estão estabelecidas na Portaria 18, de 19 de dezembro 2006, do Ministério da Defesa. O artigo 35 determina que os equipamentos com prazo de validade expirado sejam destruídos.
“Utensílios de segurança, até mesmo o capacete, têm data de validade. Quando esses prazos expiram, o material começa a se deteriorar, diminuindo a efetividade”, explica o especialista em segurança pessoal e vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), Ivan Hermano.
Não são apenas os agentes do Detran que estão com coletes vencidos. O Metrópoles já mostrou que o mesmo problema ocorre na Polícia Civil e na Polícia Militar do DF.