Secretário de Cultura reage a áudio em que articulador fala de suposto esquema: “Bravata”
Bartolomeu Rodrigues defende que a deputada distrital Jaqueline Silva, citada por Daniel Corrêa na gravação, aja rápido: “Caso de Polícia!”
atualizado
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O secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues (foto em destaque), reagiu duramente ao áudio obtido pelo Metrópoles que, segundo o gestor afirmou, cita, levianamente, a Secretaria de Cultura e o FAC, fundo de apoio ao setor.
No áudio, o primeiro-secretário do PTB-DF, Daniel de Abreu Corrêa, organiza a nomeação, em março do ano passado, de um empresário para o Conselho do FAC, visando supostamente desviar verba e “fazer caixa para 2022”.
Na gravação, Daniel – que atuou como articulador da campanha política da deputada distrital Jaqueline Silva (PTB) – comenta que a indicação de Wallace Soares Nazário será feita a pedido da própria parlamentar. A nomeação não chegou a ser efetivada.
Em um dos trechos, ele dá dicas de como proceder para conseguir “uma graninha por fora“.
“Isso é ridículo! O que este senhor está fazendo é pura bravata. Qualquer um que conhece a estrutura da secretaria e do FAC sabe que não há o menor cabimento técnico no que ele diz que vai fazer”, afirmou o secretário.
Bartolomeu defende que a deputada Jaqueline Silva aja com rigor no episódio: “Isso é caso de Polícia! E, se confirmado que o áudio é de um colaborador próximo, espera-se que a parlamentar tome as devidas atitudes”, destacou.
Ouça, a seguir, a gravação completa:
Daniel inicia o diálogo com Wallace apontando o conselho do FAC como “o melhor cargo na Secretaria de Cultura, a nível de articulação política”, uma vez que “todos os orçamentos da secretaria passam pelo FAC”.
“O FAC é uma instituição que faz financiamento direto de vários projetos de políticas governamentais, como também abre editais de chamamento público para atender à comunidade artística. São vários conselheiros, alguns indicados do governo. Outros, pela sociedade civil. Se a gente consegue indicar alguma pessoa para participar do Conselho de Cultura, tudo vai passar pela mão dessa pessoa para ela assinar”, declara.
“Se a pessoa for um radical xiita, ela não vai assinar nada, vão isolá-la. Uma pessoa sozinha não faz verão, vai ficar isolada lá. Então, eu preciso ajudar, não adianta fazer ‘piti’, eu tenho que colaborar com as coisas”, afirma.
Na sequência, ele dá dicas de como Wallace deve se comportar para atrair os recursos ilícitos e que, dessa forma, conseguirá complementar o salário do empresário.
“Mais do que a reunião propriamente dita, mais do que participar, do que fazer toda a média burocrata lá, você precisa ter a habilidade de conversar com o gerente que tem três projetos da Jaqueline. Da quadrilha junina […], tem duas entidades órfãs aqui, vou ajudar para trazer para o grupo da Jaqueline […]. E essa flexibilização também vai poder gerar recurso financeiro para a gente, que é onde eu vou fazer o complemento do seu salário”, detalha.
Ao Metrópoles, a deputada distrital e presidente do PTB-DF, Jaqueline Silva, considerou o teor do áudio “extremamente grave” e adiantou que levará o caso ao conhecimento das autoridades policiais.
Leia a resposta dela, na íntegra:
“A denúncia é extremamente grave e vai ser objeto de queixa à polícia, que deve investigar a conduta de todos os envolvidos. Jamais permiti que qualquer pessoa utilizasse meu nome. Sempre fui guiada pelos princípios de legalidade. A fala é completamente fantasiosa, pois jamais fiz qualquer indicação de membros para conselhos do GDF. O que é facilmente comprovado”.
A reportagem também tenta, por dois dias seguidos, contato com o primeiro-secretário do PTB-DF, Daniel Corrêa, e com Wallace Nazário, que não foram localizados. O espaço está aberto para eventuais manifestações.
Já a Secretaria de Cultura afirmou, por meio de nota, que “o Conselho de Administração do Fundo de Apoio à Cultura (Cafac) e os membros da sociedade civil têm indicação feita via Conselho de Cultura do DF (CCDF) e nomeação pelo secretário de Cultura e Economia Criativa, para mandato de três anos”.