Se onça ou cobras fugirem, Zoo não tem plano de contenção, diz TCDF
Segundo auditoria do Tribunal de Contas, o Zoológico de Brasília tem graves falhas de infraestrutura e sofre com déficit de profissionais
atualizado
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Após escalar a parede de um fosso, uma onça quase fugiu do recinto onde vive no Zoológico de Brasília, em dezembro de 2023. Tão grave quanto a possibilidade de um grande felino ou serpente escapar é o fato de o espaço não contar com um protocolo de contingência em casos de fugas de animais.
Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), além da ausência de um plano de contenção, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília tem falhas graves na infraestrutura e na gestão do local, colocando em risco bichos, visitantes e funcionários da unidade de preservação. O zoo, porém, rebate as informações da Corte e garante ter, sim, um planejamento (leia nota completa mais abaixo).
Veja o vídeo:
Segundo a Instrução Normativa nº 7 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de 30 de abril de 2015, zoos devem contar com protocolos de contenção em caso de fugas. No entanto, segundo o TCDF, no Zoológico de Brasília não existem diretrizes específicas e adequadas para a contenção e captura dos animais em casos de evasão.
“Igualmente, não há protocolos específicos referentes a procedimentos voltados para a segurança do público e de funcionários da instituição em caso de uma emergência dessa natureza”, destacou o TCDF. A época, o zoológico afirmou que não houve risco de fuga. Mas o corpo técnico notou a insuficiência de equipamentos específicos de contenção e captura para situações de evasão, além da ausência do protocolo.
Veja:
“A implementação de um plano de contenção é elemento obrigatório para o regular funcionamento do Zoológico, e visa não apenas protegerá a segurança do público, dos funcionários e dos animais, mas também demonstrará responsabilidade institucional em situações críticas”, reforçou o tribunal. O corpo técnico visitou o zoológico durante os meses de dezembro de 2023 a abril de 2024.
“Um aspecto relevante observado é a condição das instalações, muitas das quais datam de sua inauguração em 1960. Constatou-se que alguns ambientes construídos naquela época não estão em conformidade com os padrões atuais, exigindo intervenções estruturais (como exemplo, a parte dos felinos). Ademais, há urgência em manutenções paliativas, como reformas, adaptações e pinturas”, alertou o relator do processo, o conselheiro André Clemente.
Recintos sucateados
A auditoria apontou a necessidade de diversas reformas e manutenções em recintos de vários mamíferos, a exemplo das Galerias África e América, destinadas a elefantes, girafas, hipopótamos, waterbuck e adax, babuínos, tamanduá-bandeira, cateto, ursode-óculos, onça-pintada, rinoceronte-branco, ariranha, entre outros.
Segundo a fiscalização, dos 50 recintos das aves em exposição, 14 necessitam de reformas urgentes, incluindo o berçário, que precisa de revisão das instalações elétricas e hidráulicas, instalação de “sprinklers” (aspersor detector de incêndio). Problemas também foram identificados nos recintos na Diretoria de Répteis, Anfíbios e Artrópodes. Outro ponto que chamou a atenção foi o fato de serpentes excedentes, que não possuem ambiente próprio, serem mantidas em caixas.
Outro lado
A Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) reconheceu a relevância dos apontamentos feitos pelo TCDF e reafirmou seu compromisso com a segurança, o bem-estar dos animais, e a experiência segura e educativa para visitantes e colaboradores.
Segundo a FJZB, o zoológico possui um Plano de Segurança vigente, e, neste ano, recebeu especialistas do Zoológico African Safari, do México, para um curso de capacitação destinado à elaboração de um novo Plano de Segurança em 2025. A iniciativa busca alinhar a instituição aos mais elevados padrões internacionais, reforçando a importância de um plano de emergência eficiente, com foco na proteção dos animais, visitantes e equipe.
No que diz respeito às reformas estruturais, a FJZB afirmou que já executou readequações nos recintos das ariranhas, do jacaré do pantanal e dos cervídeos, incluindo a adequação da profundidade do tanque de água para as ariranhas, em conformidade com a IN 07/2015 do Ibama.
O Zoológico argumentou também manter como pilares fundamentais a educação ambiental, a pesquisa científica e a conservação das espécies, promovendo ações que visam o bem-estar animal e o engajamento da comunidade na preservação da biodiversidade.
“A FJZB reafirma que segue comprometida com a melhoria contínua de suas estruturas e operações, respondendo de forma ágil e responsável às observações do TCDF e reafirmando seu papel como referência em educação, conservação e pesquisa. O Zoológico de Brasília é seguro, cuida com excelência de seus animais e trabalha diariamente para oferecer uma experiência única e enriquecedora a seus visitantes”, afiançou a FJZB.