“Se irritassem, ele matava”, diz ex de Sandra sobre suspeito
Homem que estava separado há um ano de cabeleireira assassinada em Vicente Pires afirma que irmão dela, principal suspeito, tinha má fama
atualizado
Compartilhar notícia
O carro da cabeleireira Sandra Maria Sousa Moraes, morta enforcada com um fio de telefone, no sábado (23/11/2019), passa por análise da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Na 38ª DP (Vicente Pires), enquanto o veículo era periciado, o marido dela conversou com o Metrópoles.
O pedreiro Danilo Moraes Gomes, irmão da vítima, é o principal suspeito. Ele está foragido. A notícia foi revelada em primeira mão pela coluna Grande Angular. Sandra foi enterrada em uma área do Assentamento 26 de Setembro, na mesma cidade.
A cabeleireira e Leobivan de Oliveira Cardoso, 38 anos, eram casados somente no papel. Estavam separados há cerca de um ano.
Entretanto, segundo o homem, tinham um bom relacionamento. Leobivan elogiou muito Sandra. “Ela sempre estava lá para ajudar quem precisasse. Era uma pessoa amiga, companheira e batalhadora. Se alguém chegava precisando, ela dava o último dinheiro dela”, lembra.
O ex-companheiro diz que não tinha muito contato com o suspeito. “Até por que ele veio do Maranhão há pouco tempo. Só cumprimentava”, contou. Mesmo assim, ele demonstrava ser violento. “Tinha conversa de que ele matava mesmo. Se irritassem, ele matava”, diz Leobivan.
Ele só ficou sabendo nesta terça-feira (26/11/2019), por meio de uma amiga da Sandra, que ela havia sido assassinada. “Quando me contou, eu achei até que pudesse ser uma brincadeira.”
Veja fotos do caso:
Condenação
Danilo, irmão de Sandra, foi condenado pela Justiça do Maranhão por um crime semelhante. Até recentemente, ele estava preso no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (MA), onde cumpria pena por estupro e latrocínio, conforme consta no site do Tribunal de Justiça do estado.
Segundo o delegado titular da 38ª DP, Yury Fernandes, Danilo teria matado uma mulher no Maranhão, enforcando-a com um fio de telefone. Antes, de acordo com a Justiça daquele estado, o pedreiro estuprou a vítima. A data desse crime não foi revelada, assim como outros detalhes. Ainda de acordo com o delegado Fernandes, o pedreiro fugiu da cadeia maranhense.
O que se sabe do crime
Um dos envolvidos no crime é Brendo Sousa Moraes, filho de Sandra. Ele teria ajudado o tio a enterrar a própria mãe. Segundo depoimento, Danilo chegou à casa da irmã por volta das 20h de sábado e logo saiu com ela para o terreno atrás da residência.
Ele teria retornado minutos depois, sem Sandra. Então, disse à filha da cabeleireira, Samara Sousa Moraes, 22 anos, que a mãe dela “já era” porque ela havia caído no córrego.
Danilo e Samara seguiram até onde estava o filho da vítima, no Assentamento 26 de Setembro. O suspeito e Brendo voltaram à residência da vítima. O rapaz ajudou Danilo a colocar o corpo da mãe dentro do carro e o levaram para ser enterrado no assentamento. Ele nega ter participado e disse que só ajudou o tio porque estava com muito medo.
Samara denunciou o caso. Ela contou ter fugido da casa do tio, onde estaria presa desde sábado. Segundo versão dela, Danilo contou que a mãe estava morta. Depois, teria mantido a sobrinha em cárcere e a estuprou.
A polícia foi atrás de Brendo, que mostrou onde o corpo da mãe estava enterrado: cerca de 50 metros mata adentro e a 15 centímetros do chão. O filho negou participação no feminicídio, mas acabou detido e será autuado por ocultação de cadáver.
Brendo foi preso, também, em setembro deste ano por porte ilegal de arma. Ele estava com uma espingarda em Águas Lindas (GO).
Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.