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Internação de crianças aumenta 65% na rede pública no DF

O número de internações de pacientes entre 0 e 12 anos saltou de 4.256 para 7.041 na rede pública do DF

atualizado

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O aumento das doenças respiratórias da infância, conhecido como “sazonalidade da pediatria”, atinge cada vez mais bebês e crianças entre os meses de março e junho de cada ano no Distrito Federal. Segundo pesquisa no portal Info Saúde, da Secretaria de Saúde, entre 2018 e 2023, o número de internações de pacientes entre 0 e 12 anos saltou de 4.256 para 7.041. Foi um aumento de 65,4%. Apesar da previsibilidade, segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), a rede pública não se preparou.

Veja:

O crescimento da demanda por atendimento pediátrico por doenças respiratórias vai além da sazonalidade pediátrica. Ao longo de 2018, foram internados 9.318 bebês e crianças. Com exceção de 2020, quando total recuou para 4.760, durante o distanciamento social na pandemia de Covid-19, o crescimento é constante. Em 2023, o número chegou a 16.063. Foi um avanço de 72%. Ou seja, a cada ano, mais famílias buscam a rede pública em busca de tratamento para seus filhos e filhas infectados por gripes, pneumonias, bronquiolite e infecções semelhantes.
Além da sazonalidade, a rede pública sofre com a pressão da epidemia de dengue. Como resultado, os pequenos pacientes não conseguem atendimento, inclusive no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), unidade de referência.
Em 22 de maio, a Frente de Defesa da Saúde do DF, coordenada pelo CRM-DF, emitiu nota cobrando providências da Secretaria de Saúde e do GDF. “A gravidade da situação requer maior celeridade nos processos e a implementação de medidas urgentes de resposta”, alertou o documento. Segundo as instituições, a rede pública precisa  recompor o quadro de pediatras, expandir o número de leitos, adotar medidas para evitar a repetição da crise no futuro, entre outras providências.

Mudanças climáticas

Segundo a presidente do CRM-DF, Livia Vanessa, a sazonalidade ficou mais intensa após o fim do isolamento social na pandemia. Além disso, desde 2023, as mudanças climáticas também passaram a contribuir para a antecipação do ciclo de doenças para o mês de janeiro, agravando a falta de assistência. Órgãos de controle cobraram medidas preventivas para 2024.  “Na verdade, a situação ficou ainda pior”, afirmou. Não houve um plano de expansão de leitos e contratação de pediatras e médico de família e comunidade da Atenção Primária.
No enfrentamento contra a dengue, houve um desvio de profissionais da unidades básicas de saúde (UBS) para as tendas da dengue. “O sistema de saúde do DF se desorganizou de tal forma que culminou no que estamos vendo hoje, todo dia fila de espera e o que ninguém deseja, que é o aumento do número de óbitos”, assinalou.

Outro lado

A Secretaria de Saúde disse que promoveu investimentos para o atendimento às crianças. Uma das medidas foi a expansão da Atenção Primária à Saúde (APS), com capacidade de resolução em torno de 85% das demandas de saúde. Entre 2019 e 2023, a cobertura saltou de 53,36% para 76,79%.

Segundo a pasta, a rede conta atualmente com 632 equipes da APS e está em expansão, conforme a construção de novas UBSs. Em 2024, ocorreu a expansão do horário de atendimento nas UBSs, com 12 unidades abrindo de segunda a sexta até 22h, 39 aos sábados das 7h às 12h e onze aos sábados e domingos, das 7h às 19h.

A pasta apresentou uma lista de investimentos no atendimento pediátrico, nos últimos cinco anos. Veja:

Foram investidos R$ 39,6 milhões para erguer 12 unidades básicas: Fercal (UBS 3 – Lobeiral), Planaltina (são duas: UBS 20 e UBS 8 – Vale do Amanhecer), Samambaia (UBS 11), Recanto das Emas (UBS 5), Jardins Mangueiral (UBS 1), Riacho Fundo II (UBS 5), Paranoá Parque (UBS 3), Sobradinho II (UBS 7 – Buritizinho), Ceilândia (UBS 15), Gama (UBS 7) e a segunda unidade de Santa Maria (UBS 6).

Os contratos de manutenção predial garantem serviços em dezenas de UBSs em todas as regiões do DF, além de melhorias em hospitais. Neste ano, por exemplo, foi revitalizada a pediatria do Hospital Regional do Guará, pronto-socorro do Hospital Regional de Taguatinga e a internação pediátrica do Hospital Regional de Ceilândia, que ganhou seis leitos. Em paralelo, avança a obra para construção do novo bloco do Hospital Regional de Planaltina, que terá, entre outras novidades, 13 leitos de internação pediátrica.

Para reforço do atendimento principalmente no período da sazonalidade, nos últimos 12 meses, a pasta passou a contar com 18 leitos adicionais contratados no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Já o Hospital Universitário de Brasília abriu 10 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica para receber bebês e crianças na rede pública. Além disso, no HMIB foram ativados mais 14 leitos de enfermaria para as crianças.

Nos hospitais também foram iniciadas as rotas amarelas, para agilizar o atendimento dos pacientes com essa classificação de risco.

Atualmente, a rede conta com 395 leitos de enfermaria pediátrica em unidades da própria pasta e em estabelecimentos contratados/conveniados. Há, ainda, 115 leitos de UTI pediátrica e 213 de UTI neonatal. Entre janeiro e março de 2024, foram emitidas 2.789 autorizações para internações de crianças e adolescentes de zero a 14 anos.

De acordo com a pasta, a rede pública conta com 498 pediatras, sendo 22 admitidos em 2024. Ainda em 2023, cerca de 700 enfermeiros e médicos da Atenção Primária à Saúde participaram de oficinas de capacitação para o enfrentamento da sazonalidade de doenças respiratórias. Neste ano, ocorreu treinamento de emergências pediátricas, que envolveu quase 200 profissionais do HMIB, além da capacitação de 385 médicos e 704 enfermeiros no treinamento em Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI).

Segundo a pasta, o DF também ampliou a aplicação do palivizumabe, medicamento que favorece a prevenção contra doenças respiratórias graves até os dois anos de idade.

 

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