Saúde do DF tem déficit de 25 mil profissionais, aponta relatório
Falta de profissionais vai além dos casos de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Outras categorias estratégicas estão desfalcadas
atualizado
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Enquanto a população encara longas filas à espera de consultas e cirurgias, os hospitais da rede pública de saúde amargam a falta de 25.133 mil profissionais no Distrito Federal.
O deficit não atinge apenas médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, mas também outras categorias importantes, como cirurgiões-dentistas.
Segundo consta no Portal da Transparência do DF, em fevereiro de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) local deveria ter 55.430 profissionais. No entanto, apenas vagas 30.297 estão ocupadas. O deficit de 25.133 profissionais indica que 45,5% dos cargos nas unidades da rede estão vazios, seja em postos de atendimento ou no serviço administrativo.
Veja o estudo:
O problema não afeta apenas a população, mas também os servidores, que ficam sobrecarregados pelo excesso de trabalho.
A epidemia de dengue e o período sazonal de doenças respiratórias potencializaram a crise causada pela falta de pessoal, a exemplo do drama visto no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Segundo a pesquisa, produzida pela área técnica do gabinete da deputada distrital Dayse Amarilio (PSB), faltam 5.007 médicos, 844 enfermeiros e 5.908 técnicos de enfermagem na rede.
O estudo joga luz em outras carreiras fragilizadas. A rede deveria ter 1.300 cirurgiões-dentistas, mas conta com apenas 649. O deficit é de pouco mais de 50% dos cargos.
No caso de analistas e técnicos em gestão e assistência pública à saúde, a falta é de, respectivamente, 3.471 e 3.376 profissionais.
Dengue
No caso da dengue, o estudo reforçou a importância do trabalho dos profissionais para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. A rede sofre com a falta de 2.399 agentes comunitários de Saúde (ACSs) e de 764 agentes de vigilância ambiental (AVAs).
A recomposição de quadros da Secretaria de Saúde foi apontada como uma das principais medidas necessárias para a contenção do avanço da dengue, em uma reunião promovida pelo Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF) em 14 de março.
Secretaria aponta investimentos e nomeações
Em nota, a Secretária de Saúde afirma que “reconhece os desafios enfrentados e apoia seus profissionais”. A pasta argumenta que busca reforçar o quadro de profissionais com nomeações de concursados e temporários. Contudo, não mencionou qual é a previsão de convocações para 2024.
A secretaria também informou ter investido na melhoria do ambiente de trabalho para os servidores e na infraestrutura das unidades da rede pública.
Leia a nota completa da pasta:
“A Secretaria de Saúde do DF reconhece os desafios enfrentados e apoia seus profissionais. Dentre as ações desenvolvidas estão a nomeação de novos servidores em concursos públicos e contratações temporárias para suprir a necessidade de diversas áreas assistenciais. Em 2023, foram chamados 747 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde, totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos, sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde.
Ao longo da gestão, houve a construção e revitalização de unidades de saúde; desenvolvimento de estratégias para otimização dos processos e fluxos de trabalho. Também foi instituída a Política de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT), que tem por objetivo promover a atenção integral à saúde e a valorização dos servidores em sua totalidade. O atendimento nas tendas têm sido viabilizado através do direcionamento de profissionais de unidades básicas de saúde e também por Trabalho em Período Definido (TPD), que tem a finalidade de complementar as escalas de trabalho e promover a integralidade de saúde e adequada assistência à população.
A SES-DF reforça que tem envidado esforços contínuos para compatibilizar as escalas profissionais nessas unidades e prestar o atendimento necessário aos pacientes.”