Saúde do DF está sem anestesia para grávidas e testes de glicose
A Secretaria de Saúde criou um gabinete de crise para sanar a crise de abastecimento de reagentes e itens de limpeza nos hospitais
atualizado
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Hospitais públicos, postos de saúde e a Farmácia Central enfrentam um grave desabastecimento de insumos no Distrito Federal. Faltam anestésicos para grávidas, reagentes para testes e reagentes necessários para exames recomendados a tratamento adequado de pacientes.
Na segunda-feira (27/9), o Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá, tinha apenas quatro ampolas de anestésico para gestantes. Diante do estoque praticamente zerado, os profissionais de saúde solicitaram o reabastecimento para garantir segurança nos partos.
Na sexta-feira (24/9), a Farmácia Central sofria com o desabastecimento generalizado. Faltavam reagentes para teste glicose, necessário no tratamento de diabéticos. A unidade não tinha creatinina, sódio e potássio para avaliações das funções renais. Insumos para avaliação de hipotireoidismo e hipertireoidismo também não estavam disponíveis.
Veja documento sobre a situação na Farmácia Central:
Diante do desabastecimento da rede pública, na segunda-feira (27/9), a presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa (CLDF), a deputada distrital Arlete Sampaio (PT), protocolou representação no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
“Recebemos denúncias de que o encerramento de contratos da Secretaria de Saúde levou à falta de reagente para realização de exames laboratoriais e também de equipamentos básicos de proteção dos servidores. A população do Distrito Federal não pode ficar desassistida de exames e de atendimento seguro enquanto a saúde pública enfrenta tantos problemas de gestão”, contou Arlete.
Nesse contexto, a parlamentar recebeu documentos confirmando o fim dos contratos para reagentes no Hospital Regional do Gama (HRG/foto em destaque). Desabastecida, a unidade avalia priorizar exames da unidade de terapia intensiva (UTI), diálise, emergência e box respiratório. Neste cenário, os exames de rotina correm risco de ser suspensos.
Confira a situação no HRG:
Além da falta de insumos, a parlamentar recebeu recorrentes denúncias de falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para evitar infecções da Covid-19. Para Arlete, a ausência de máscaras e de outros itens prevenção é inadmissível neste momento da pandemia, marcado pela ameaça da variante Delta.
Transferência para o Iges
Em conversas reservadas, para evitar eventuais perseguições, profissionais de saúde classificam a situação como “gravíssima”. Muitos estão indignados, pois, mesmo com o desabastecimento, a Secretaria de Saúde teria transferido insumos para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF).
Outro lado
Durante coletiva de imprensa, na segunda-feira (27/9), o secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache, anunciou a criação de um gabinete de crise para sanar o baixo estoque de insumos na rede pública. Pelo diagnóstico da pasta, os principais problemas são falta de reagentes e materiais de limpeza.
Segundo a Secretaria de Saúde, está em curso uma aquisição dos insumos para exames de bioquímica. O processo encontra-se em fase de assinatura de contrato.
Sobre a eventual transferência de insumos para o Iges-DF, a pasta declarou que o processo é natural. Contudo, a pasta não declarou quais itens foram enviados ao instituto.
Leia o posicionamento da pasta na íntegra:
A Secretaria esclarece que na área da saúde é habitual o empréstimo de insumos, no entanto, antes de ser disponibilizado para outra unidade, é realizada a análise do estoque disponível para atender às demandas da própria rede SES e, só depois disso, é realizado o empréstimo. Para os insumos que não possuem estoque para cobertura da pasta, não é possível o empréstimo.
Por fim, a pasta ressalta que o mesmo pode ocorrer no sentido contrário, quando o Iges possui em seu estoque medicamentos ou outros insumos que estão em falta nas unidades da SES e que são emprestados à pasta para atendimento de uma demanda específica.
A secretaria não comentou a situação da rede, a exemplo da falta de anestésicos no HRL. A pasta alegou que o abastecimento da rede pode ser acompanhado no link.
O Metrópoles tentou contato com o Iges-DF sobre o tema. O espaço está aberto para eventuais manifestações do instituto sobre o caso.