Uso continuado de medicamento e vacina pode impedir doação de sangue
Em 2017, devido à utilização de fármacos, 7% dos candidatos tiveram o processo de coleta interrompido
atualizado
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Para preservar a saúde do doador e garantir a qualidade do sangue coletado, a Fundação Hemocentro de Brasília segue uma série de requisitos definidos pelo Ministério da Saúde.
Em 2017, algumas restrições impediram cerca de 24% dos candidatos de doar temporariamente.
Entre os motivos mais comuns está a anemia (10,6%), causada pela deficiência de ferro no organismo. A chefe do Núcleo de Triagem do Hemocentro, Kamila Moraes, explica que, nas mulheres, esse estado anormal pode estar relacionado ao fluxo intenso da menstruação e a dietas muito radicais.
Caso a anemia seja detectada na avaliação clínica feita no próprio hemocentro, o profissional de saúde da fundação orienta o doador a como regularizar a situação. O período para voltar à estabilidade leva, geralmente, de dois a três meses.O processo de pré-triagem ainda verifica informações como pressão arterial, pulso, peso e altura. Se houver alguma variação que demonstre risco para a saúde do doador, a coleta é adiada por tempo determinado de acordo com o impeditivo.
Se a mulher estiver grávida — ou com suspeita — ou amamentando, recomenda-se esperar um ano. “A retirada de quantidade significativa de sangue pode provocar aborto”, esclarece Kamila. Segundo ela, durante a amamentação, a restrição está relacionada à perda de ferro, que pode interferir na saúde da mãe.
O meio de transporte utilizado para ir ao hemocentro também afeta o processo. Se tiver ido de bicicleta, por exemplo, o candidato corre o risco de ter a doação interrompida. Isso porque a coleta de sangue, combinada ao exercício, aumenta a probabilidade de desmaio.
“Essas medidas foram tomadas para respaldar o doador e, principalmente, para não comprometer a saúde dele”, ressalta Kamila Moraes.
Bem-estar de doadores e receptores
Para identificar outros fatores que interferem na doação de sangue, a Fundação Hemocentro de Brasília preparou um questionário com 43 perguntas.
Informações como o uso de remédios, exames, cirurgias e tratamentos médicos são importantes para garantir a qualidade do material colhido.
No ano passado, cerca de 7% dos candidatos tiveram o processo de doação interrompido devido ao uso de fármacos. “Alguns medicamentos têm composições que interagem com outras e isso pode prejudicar o paciente a receber o sangue”, justifica a chefe do Núcleo de Triagem.
“A pessoa pode ser alérgica ou estar tomando antibióticos que reajam com o medicamento do doador”, acrescenta Kamila. O tempo de espera varia conforme os componentes e o tipo de cada medicação (veja a arte).
As vacinas também influenciam a qualidade do sangue. Por isso, é exigido um prazo de 48 horas a um mês a partir da aplicação.
Além de todo o histórico contido no questionário, no momento da doação de sangue, são retiradas cinco amostras para exames laboratoriais, com o intuito de detectar doenças como Chagas e hepatites. Caso haja alteração, o doador é chamado para nova avaliação.
O aparecimento de determinadas doenças pode requerer um período de espera mais longo para doar. A lista completa e detalhada está no site do Hemocentro.
Quem fez tatuagem ou tem piercing deve aguardar 12 meses. Porém, se o doador apresentar o registro (pode ser uma foto) do estúdio onde o procedimento foi feito, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), esse intervalo cai pela metade.
No entanto, se o piercing for na mucosa oral ou genital, a doação de sangue é impedida e só aceita após 12 meses depois da retirada do acessório. Isso porque, de acordo com Kamila, esses lugares do corpo são suscetíveis a processos inflamatórios e representam porta de entrada para doenças infecciosas.
No caso de homens que fazem sexo com outro homem, a espera é de um ano após o último contato sexual. A medida impeditiva baseia-se na quantidade de casos de aids e de infectados por HIV entre esse público.
Essa exigência está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma ação direta de inconstitucionalidade questiona portaria do Ministério da Saúde e resolução da Anvisa que restringem a doação de sangue por homossexuais.
Outro fator restritivo é a estadia do doador em estados onde há alta incidência de malária, como Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Quem esteve nessas unidades federativas deve aguardar um mês. Após esse prazo, é feito um teste rápido no próprio hemocentro para checar se há infecção. Alguns vírus ou bactérias podem ficar incubados e não ser identificados em exames de sangue.
O Hemocentro de Brasília fica no Setor Médico-Hospitalar Norte (Quadra 3, Conjunto A, Bloco 3) e funciona de segunda a sábado, das 7 às 18h. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo WhatsApp: (61) 99136-2495.