Servidores relatam pressão para dar alta a pacientes ainda doentes em UPA
Enfermeiros também denunciam que são obrigados a chamar de “doutores” os médicos da unidade ao se comunicarem com os profissionais
atualizado
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Profissionais de saúde pública lotados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia denunciam supostas irregularidades cometidas pela gerência do local e pelo Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (Iges) – responsável pela gestão das UPAs do Distrito Federal –, durante o expediente.
As reclamações sobre desvios na conduta da gerência são várias. Em uma queixa, um servidor relata que os profissionais responsáveis pela gestão do local estariam pressionando médicos a liberar os pacientes, mesmo os que ainda se encontram incapacitados de receber alta médica. Tudo para “gerar fluxo” na unidade de saúde.
Em outra reclamação, os enfermeiros da UPA relatam que estão sendo proibidos de discutir casos clínicos com equipes médicas e são obrigados a “abordar os médicos sempre chamando-os de doutor”.
Há também críticas quanto à falta de pessoal no local e desvios de função. “Enfermeiros assistenciais assumem rotina e funções administrativas. Situações já reportadas anteriormente ao sindicato”, afirmam os profissionais na denúncia.
Médicos também alegam que são coagidos a recusar solicitações de exames de imagem e de investigação. O fato configura grave risco à saúde do paciente que não recebe o atendimento adequado e, assim, fica incapaz de tratar do problema de saúde que o levou até a UPA.
Outro lado
Em nota, o Iges-DF afirmou que irá apurar “a conduta de todos os envolvidos na situação exposta, verificando se estão de acordo com os padrões de qualidade do instituto e princípios gerais do Serviço Único de Saúde”.
Ainda de acordo com o instituto, a gestão trabalha para “oferecer saúde de qualidade para a população do Distrito Federal, Entorno e também para todos os pacientes que chegam de outras unidades da Federação”.
“Nossos valores defendem, claramente, o respeito à dignidade humana, excelência, espírito de corpo e, principalmente, a integridade”, finalizou o órgão.