Sem máscaras, servidores usam gaze e esparadrapo em hospital do DF
Enfermeiros que atuam no pronto-socorro e na ala pediátrica do HRS tiveram de improvisar para evitar contaminação durante o trabalho
atualizado
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Os servidores da rede pública de saúde continuam tendo de improvisar para driblar a falta de materiais básicos para o exercício de suas atividades. Desta vez, enfermeiros do Hospital Regional de Sobradinho (HRS), que trabalham no pronto-socorro e na ala pediátrica da unidade, foram obrigados a usar gaze e esparadrapos para cobrir o rosto e, assim, evitar possível contaminação durante os atendimentos.
Revoltada, uma servidora do hospital registrou, em imagens (foto abaixo), o momento em que atendia uma criança internada na unidade. “Sem máscara no HRS. O jeito é improvisar para trocar paciente”, diz a legenda da foto enviada ao Metrópoles na manhã de domingo (8).
A reportagem apurou que o atendimento do hospital chegou a ficar mais lento devido à falta de máscaras e outros insumos. “Com certeza, o serviço está sendo feito com mais lentidão e pode até não estar sendo feito na escala correta”, afirmou uma enfermeira, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Improviso no atendimento
A servidora citou um exemplo de como as máscaras fazem falta na rotina dos atendimentos. Ela explica que, quando um paciente vomita, a técnica em enfermagem coloca a máscara e se prepara para trocar a roupa dele. “Isso seria o normal, mas, para fazer um improviso desses, o profissional demanda um tempo que não deveria existir. E as bactérias vão fazendo a festa”, alertou.
A Secretaria de Saúde foi procurada para confirmar a falta de materiais básicos de trabalho no Hospital Regional de Sobradinho. A pasta informou que as máscaras estavam com estoque final na semana passada, mas foi feito um repasse de outras unidades para que os serviços não fossem prejudicados. “Não houve falta do insumo na pediatria do hospital e em nenhum outro setor do HRS”, garantiu a secretaria.
Sucessão de problemas
A situação não é isolada. Em outubro de 2016, o Metrópoles mostrou o caso do médico que, devido à falta de máscaras, também colocava gaze no rosto no Hospital Regional de Santa Maria. Na virada do ano, foi a vez de os servidores do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) denunciarem que estavam usando ventilador para ajudar a secar roupas da unidade. Na ocasião, faltava óleo para a caldeira do hospital.
Nos últimos meses, foram destacados outros problemas, como filas na madrugada para conseguir remédios de alto custo; cadáveres e alimentação de doentes sendo transportados no mesmo elevador no Hospital Regional da Asa Norte (Hran); necessidade de mutilar pacientes para que fosse possível fazer cirurgias com o material adequado; falta de água quente para o banho; e até cheiro de corpos se espalhando no ar devido à falta de refrigeração das câmaras mortuárias também no Hran.