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Sem internet, reposição de remédios na rede pública do DF é afetada

Desabastecimento atinge boa parte das 60 unidades que atendem pacientes hipertensos, diabéticos, crianças e também mulheres grávidas

atualizado

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Nathália Cardim/Metrópoles
paciente sem remédio
1 de 1 paciente sem remédio - Foto: Nathália Cardim/Metrópoles

As farmácias dos centros e postos de saúde do Distrito Federal estão à míngua. Um grave desabastecimento atinge boa parte das 60 unidades que atendem pacientes hipertensos, diabéticos, crianças e também mulheres grávidas. Segundo denúncias de servidores que trabalham com a distribuição dos medicamentos, um dos motivos do problema é a falta de internet.

O acesso à rede está suspenso por falta de pagamento e, com isso, pedidos de remédios para reposição, enviados eletronicamente ao Núcleo de Medicamentos Básicos (Numeb), não estão sendo registrados. Como o serviço está sendo feito manualmente, os atrasos na reposição seriam frequentes.

Um servidor que trabalha na farmácia de um dos postos enviou um áudio á reportagem explicando o problema. “Me disseram que por falta de internet o Numeb não está transferindo os medicamentos. O povo vai morrer aqui na porta por falta de medicamento. De uma média de 200 pacientes que eu atendo por dia, só atendi 74 e a maioria só levou um terço dos medicamentos. Hipertensos e diabéticos não estão tendo remédios”, contou.

Confira o o desabafo do profissional, que teve a voz alterada para não ser identificado:

 

O funcionário reclama que nem produtos básicos como preservativos, anticoncepcionais e dipirona estão sendo distribuídos pela farmácia. Outros servidores ouvidos pela reportagem confirmaram a denúncia.

Preocupação
O Metrópoles esteve em algumas dessas farmácias. Em uma delas, na unidade da 508/509 Sul, encontrou a aposentada Marlene de Souza Bento Ferreira (foto de destaque), 69 anos. Dos dez medicamentos prescritos na receita dela, sete estão em falta.

“A minha receita é do dia 9 e até agora eu não consegui pegar nenhum. Tem remédio que custa mais de R$ 200 e não tenho condição para comprar. É muito triste. A gente fica com medo de ter complicações com a falta deles”, desabafou.

Arquivo Pessoal
Servidores mostram prateleiras vazias em farmácia de posto de saúde

 

O problema atinge, ainda, medicamentos essenciais como o sulfato ferroso, que deve ser utilizado por mulheres em período gestacional para garantir a boa formação do feto. “É um descaso com a população”, disparou.

A doméstica Jussara Neiva, de 26 anos, está grávida e após uma semana da prescrição médica conseguiu o sulfato ferroso em um posto da Asa Sul. “Vim duas vezes e não tinha. Hoje, deu certo. Espero que não falte mais. É difícil quando a gente precisa e não tem”, disse.

No Centro de Saúde 10 de Ceilândia Sul várias medicações estão em falta. O aposentado Melquizedeque Ribeiro, 60 anos, tem enfrentado dificuldades para conseguir os remédios de uso contínuo de que precisa.

Faço uso periódico de remédios, como diamicron (para o fígado e os rins), losartana (contra hipertensão) e hidroclorotiazida (diurético). Fui ao posto buscá-los e estavam todos em falta

Melquizedeque Ribeiro, paciente

O outro lado
Procurada, a Secretaria de Saúde garantiu que a informação sobre a falta de medicamentos não procede. Em nota, explicou, também, que todas as solicitações de remédios para as unidades básicas de saúde podem ser feitas por meio de documentação escrita: “Não há necessidade de internet para que os pedidos sejam realizados, pois nem todas as unidades da atenção primária possuem rede”.

O serviço de telefone e internet na rede pública de saúde está cortado há mais de cinco meses. A pasta informou que “está analisando as faturas para pagamento à empresa Oi” e reiterou que tem feito todos os esforços para restabelecer o serviço”. Em setembro, a dívida chegava a R$ 1,16 milhão.

 

 

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