Secretária espera por cirurgia de risco no Hospital de Base
Há um ano e sete meses, Miriane Lima, 33 anos, sofre as consequências de uma operação de vesícula mal-sucedida e aguarda na fila da saúde
atualizado
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A secretária Miriane Lima, 33 anos, teve a rotina transformada após fazer uma cirurgia de vesícula do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O problema, que era para ter sido resolvido, ganhou um novo capítulo três dias após a operação, que ocorreu em maio de 2015. Desde então, ela vive um drama sem fim.
Sintomas como fraqueza, calafrios e dores abdominais a impediram de trabalhar durante um período. Diagnosticada com colangite (inflamação), icterícia e prurido (coceira na pele), complicações decorrentes do vazamento do líquido biliar no organismo, há um ano e sete meses, ela trava uma batalha contra a burocracia para conseguir uma nova cirurgia na rede pública de saúde do DF.
“Infelizmente, minha condição financeira não me permite pagar na rede particular. No Paraná, um especialista me cobrou R$ 30 mil só pela cirurgia, fora as diárias no hospital e o anestesista. Minha mãe queria todo custo vender a casa e eu disse que não. Imagina, ela tem 58 anos e se desfazer do seu único bem, não posso fazer isso”, desabafou.
Miriane já procurou a Defensoria Pública e também denunciou o caso na Ouvidoria da Saúde. Nas últimas semanas, a secretária chegou a ser internada duas vezes com a promessa de passar pela cirurgia. Contudo, na primeira vez, os médicos afirmaram que o procedimento teve que ser cancelado devido à greve dos técnicos de enfermagem. Na segunda, ela chegou a entrar no centro cirúrgico.
A equipe médica estava pronta para a operação, mas quando procuraram os insumos verificaram que o “fio para sutura” não estava disponível. Foram até a farmácia buscar e a informação dada foi de que o departamento estava fazendo inventário e não poderia entregar nenhum insumo enquanto não terminarem.
“Foi inacreditável. Se chegasse alguém com um caso mais grave que o meu também iriam cancelar a cirurgia? Mesmo tendo o material para fazê-la?”, questionou. Nesta semana, Miriane recebeu uma nova promessa: a internação deve ocorrer nesta terça (13/12), e a cirurgia na quarta. “Passei por várias fases. Já me senti abandonada, desassistida. Depois fiquei indignada, com medo de morrer sem atendimento. Hoje, estou confiante”, contou.
O outro lado
Por meio de nota, a direção do Hospital de Base informou que, devido à greve dos técnicos de enfermagem, as cirurgias eletivas foram reagendadas. Durante o movimento, o centro cirúrgico realizou apenas procedimentos de urgência. A previsão para que a paciente seja operada é ainda nesta semana.
A direção esclareceu, ainda, que as cirurgias eletivas podem ter a data alterada, caso haja alguma intercorrência, como o aumento inesperado de procedimentos de urgência. Por fim, a Secretaria de Saúde explicou que, durante o período de inventário das farmácias, o atendimento é suspenso e o remanejamento de medicamentos e insumos é pontualmente cancelado. “Esta medida é importante para o controle do abastecimento da rede e acontece uma vez ao ano”, finalizou.