Secretaria de Saúde confirma cinco casos de H1N1 no DF
Surto da doença no país preocupa moradores do DF. Por enquanto, a pasta não deverá adotar novas ações emergenciais para combater o avanço do vírus
atualizado
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Um surto de gripe em São Paulo vem deixando a população do país em estado de alerta. Até a última sexta-feira (25/3), vinte pessoas morreram por complicações provocadas pelo vírus H1N1 no estado. No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde informou que, em 2016, cinco pessoas residentes na capital foram diagnosticadas com a doença.
A pasta não descartou um surto de H1N1, mas minimizou o problema. Até o momento, segundo a Gerência de Vigilância Epidemiológica e Imunização (GVEI), o vírus está se comportando com “perfil semelhante” aos de anos anteriores.
Neste ano, jovens de 12 a 21 anos do sistema prisional também serão incluídos no grupo de imunização. Além deles, pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores da saúde, povos indígenas, crianças entre seis meses e menores de cinco anos, gestantes, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, presos e os funcionários do sistema prisional serão alvo da campanha.Em 2015, não houve registro da doença no DF. Já em 2014, foram contabilizados 24 casos, sendo que três eram residentes de outras unidades da federação. A gerente da GVEI, Juliana Soares de França, informou que a secretaria vai manter o calendário da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza que será inciado em 30 de abril. “Recebemos a orientação do Ministério da Saúde de manter o cronograma e continuar monitorando e notificando os casos da doença”, explica.
H1N1
A Influenza A (H1N1) tem características parecidas com a gripe comum. No entanto, pode causar danos maiores ao sistema respiratório e até levar à morte caso a pessoa não procure ajuda médica. A ocorrência da H1N1 é maior no inverno. No entanto, a transmissão também pode ocorrer de forma acentuada no verão.
Os principais sintomas da gripe H1N1 são infecção aguda das vias aéreas e febre – em geral mais acentuada em crianças do que em adultos. Também podem surgir calafrios, mal-estar, dor de cabeça e de garganta, moleza e tosse seca, além de diarreia, vômito, fadiga e rouquidão.
A prevenção da doença é feita com regras básicas de higiene, como cobrir a boca ao tossir ou espirrar e lavar as mãos com frequência. Também se deve evitar permanecer por muito tempo em ambientes fechados, sem ventilação e com aglomeração de pessoas.
Antecipação
Diante da antecipação do surto de gripe H1N1 identificada em São Paulo, o Ministério da Saúde vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença. Ao contrário do que ocorria em outros anos, estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril.
Assim que o imunizante começar a chegar nos estados, a vacinação já poderá ser feita, a critério de cada governo. Em São Paulo, o primeiro lote está previsto para ser liberado nesta sexta-feira (1º/4) – nos demais estados, a partir de segunda (4).
Cada administração deverá divulgar o calendário que adotará. A estratégia em parte atende a um pedido feito ontem pelo governo de São Paulo. Nos primeiros três meses deste ano, o número de casos registrados de H1N1 já superou o que foi relatado em todo o País entre janeiro e dezembro de 2015. Do começo do ano até o dia 19, foram registrados 305 casos e 46 mortes no Brasil. Em todo o ano passado, houve 141 casos e 36 óbitos. “Foi uma surpresa o surto nesta dimensão. E sobretudo o período”, afirmou o coordenador do Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos.
Na semana passada, com o aumento do número de casos, o estado solicitou ao Ministério da Saúde o envio de doses da vacina usadas durante a campanha de 2015. Elas foram aplicadas, em caráter emergencial, na cidade de São José do Rio Preto, onde a situação era considerada mais grave. Essa ação teve como objetivo proteger apenas contra o H1N1. Mas os pacientes que receberam o imunizante deverão ainda, em data a ser definida pelo governo, receber o produto mais atual.
O imunizante contra a gripe tem sua composição alterada todos os anos. Ele é feito com base em uma combinação de cepas do vírus da gripe que mais circularam durante o inverno no Hemisfério Norte. Comparando com 2015, duas outras cepas do vírus influenza foram modificadas. “Isso significa que protege contra H1N1, mas não tem a mesma eficácia em relação às outras cepas”, disse Boulos.
Colateral
A antecipação traz um efeito colateral: os efeitos do imunizante se estendem pelo período de um ano. Isso significa que, quanto mais cedo a vacina for usada, mais cedo a pessoa se tornará suscetível. “Temos consciência disso. Mas temos uma fogueira queimando. O incêndio tem de ser apagado agora”, disse Boulos.
A vacina contra a gripe é produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, essa é a razão para o governo paulista receber o imunizante antes de outros Estados. No caso do restante do País, o produto é enviado para Brasília, que se encarrega de fazer a distribuição.
Ao todo, serão seis remessas do imunizante. As primeiras três deverão ser feitas entre os dias 1º e 15 de abril. Nesse período, serão distribuídos 25 milhões de doses, o equivalente a 48% de toda a demanda. São Paulo vai receber neste período 5,7 milhões.
Boulos afirmou que a prioridade na vacinação será dada para grupos de risco na Grande São Paulo – ou seja, para idosos, pessoas com doenças pulmonares ou problemas cardíacos e gestantes.
A mudança da estratégia para vacinação deste ano para H1N1, no entanto, é feita com uma condição. Os Estados deverão reservar pelo menos 30% do total do imunizante para usar no Dia D (30 de abril). O Ministério da Saúde julga indispensável manter a campanha, que todos os anos tem potencial para atingir grande parcela do público-alvo.
Casos no País
A Região Sudeste concentra a maior parte dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por H1N1 do País, com 266 registros. Desses, 260 estão no Estado de São Paulo, que relata 38 dos 46 óbitos.
Santa Catarina está em segundo lugar entre os Estados com mais casos, totalizando 14. Na sequência, vem a Bahia com 10 registros. Além de São Paulo, outros cinco Estados tiveram óbitos: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. (Com informações da Agência Brasil e Agência Estado)