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Rede pública do DF está sem remédio para fibrose cística há seis meses

Os pacientes atendidos pelo sistema de saúde do Distrito Federal estão tendo que desembolsar R$ 90 com cada ampola do remédio. GDF admite “estoque zerado”

atualizado

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fernanda gomide fobrose
1 de 1 fernanda gomide fobrose - Foto: João Gabriel Amador/ Metrópoles

Há seis meses, os pacientes que têm fibrose cística e são atendidos na rede pública de saúde do Distrito Federal estão sem receber o medicamento Colomycin, usado no combate a bactérias resistentes. Sem o remédio, os doentes ficam mais vulneráveis e podem morrer. Apesar da gravidade da situação e de vidas estarem em risco, a Secretaria de Saúde limitou-se a reconhecer que está com “o estoque zerado” e iniciou o processo de aquisição do produto.

O que torna a questão mais grave ainda é que do total de 106 paciente atendidos, 77 são crianças tratadas no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Os 29 pacientes adultos estão sob os cuidados do Hospital de Base (HBDF). A denúncia é da Associação Brasiliense de Amparo ao Fibrocístico (Abrafc) e comprovada por inspeção a pedido do Ministério Público de Contas (MPC-DF).

A falta do remédio dificulta a continuidade do tratamento dos pacientes. “É preciso buscar auxílio com associações de outros estados, que nos enviam algumas unidades. E a interrupção do uso do medicamento nos deixa muito vulneráveis”, conta a estudante Fernanda Gomide, de 18 anos, portadora da fibrose cística.

O pediatra Fernando Ribeiro reconhece que a falta do medicamento coloca a vida dos pacientes em jogo e pode causar consequências graves: “Se ficar um mês sem reposição de enzima, ou um mês sem tratamento antibiótico terápico ou sem medicação que fluidifica as secreções, esses pacientes vão ter sequelas que podem ser reversíveis ou não, então eu posso ter danos irreversíveis para esses pacientes se eles não tiverem um acesso contínuo e adequado”.

De acordo com a Abrafc, uma ampola do medicamento Colomycin custa R$ 90, um gasto alto para quem depende da medicação diariamente. Com a falta na Farmácia de Alto Custo, os pacientes estão dependendo de doações. A denúncia foi feita pelo MPC no dia 19 de fevereiro. Dois meses depois, em 18 de abril, um ofício encaminhado ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca, pediu informações sobre o estoque e disponibilidade do remédio.

Mais recentemente, no parecer 0457/2016, de 9 de maio, a Procuradora-Geral do MPC, Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, solicitou a reposição imediata dos medicamentos em estoque, mas isso ainda não aconteceu. O documento aponta, também, a necessidade urgente de um protocolo clínico específico para os pacientes do DF, a fim de que sejam mais bem detalhados o tratamento e cuidados com esses pacientes. Além disso, a rede pública não conta com fisioterapia – indicada nesses casos.

A fibrose cística é uma doença genética e sem cura, cujo tratamento depende do uso sistemático de medicamentos e suplementos. O gene responsável pela doença interfere na produção de suor, sucos digestivos e mucos, comprometendo o funcionamento das glândulas que produzem essas substâncias e dificulta a eliminação. Como consequência, a fibrose cística pode afetar os aparelhos respiratório, digestivo e reprodutor, causando a morte.

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