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Recém-nascida passa por cirurgia de retirada de tumor raro no HRT

Existem apenas 250 casos registrados na literatura de epúlide congênita desde sua primeira descrição

atualizado

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Divulgação/Breno Esaki/Secretaria de Saúde
bebê, HRT, tumor raro
1 de 1 bebê, HRT, tumor raro - Foto: Divulgação/Breno Esaki/Secretaria de Saúde

A equipe médica do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) se surpreendeu, nessa quarta-feira (28/08/2019), com o nascimento de um bebê com epúlide congênita do recém-nascido, um tumor benigno raro na boca. Existem apenas 250 casos registrados na literatura desde sua primeira descrição. A equipe obstétrica e pediátrica da unidade se mobilizou, pedindo pareceres a especialistas, até chegar ao diagnóstico. Menos de três horas após o parto, a cirurgia foi realizada com sucesso.

A anomalia não foi detectada no pré-natal ou em exames de imagem. “Sete dias antes do parto, eu fiz uma ecografia e não apareceu nada. O médico falou que estava tudo normal. Eu não vi na hora, porque quando ela nasceu colocaram ela de ladinho. Só vi que ela não chorou muito, e foi bem baixinho. Depois me falaram e me mostraram”, relata a mãe da criança, Marina Lima de Castro Rodrigues, 27 anos.

Ela recorda: “Os médicos me explicaram como seria o procedimento e trouxeram minha filha para eu ver, mas ela ainda estava sedada”. Passado o susto inicial, Marina revela que conseguiu se emocionar com tudo apenas à noite, quando ficou só.

“Foi aí que eu chorei, mas, ao mesmo tempo, fiquei calma porque deu tudo certo. Ela nasceu às 16h; pouco depois das 18h, já tinha passado pela cirurgia”, emociona-se, ao relembrar os momentos iniciais. Julia nasceu saudável, com 3,275 kg e medindo 50 cm.

Divulgação/Breno Esaki/Secretaria de Saúde

Raridade

De acordo com a equipe de odontologia, o caso se torna mais raro por apresentar dois tumores. “Os tumores impediam qualquer possibilidade de alimentação sem a ajuda de uma sonda. Foi a primeira vez que vi isso na minha vida”, declarou o odontólogo Daniel Ribeiro, que trabalhou com a colega Natália Marreco Weigert no processo operatório.

“Clinicamente, na maioria dos casos, apresenta-se como um nódulo localizado na região anterior da maxila, podendo causar dificuldades respiratórias e alimentares”, reiterou Natália. A bebê também passou por uma frenectomia, pois foi diagnosticada com língua presa, o que também prejudica a mamada no seio materno.

A pediatra Lorena Cavalcante Morett foi uma das primeiras a visualizar a anomalia. “A bebê não teve o diagnóstico no pré-natal e, quando nasceu, verificamos aquela lesão de gengiva. Pedi um parecer da odontologia. A doutora Natália avaliou e fez a incisão no mesmo dia. Foi tudo muito rápido. A mãe ficou satisfeita porque, em cerca de duas horas, já havia retirado o tumor. A equipe da odonto foi muito eficaz, gentil e resolutiva”, conta Lorena.

Para o pai de primeira viagem, Natan Rodrigues de Oliveira, 28 anos, o momento do nascimento foi emocionante e, ao mesmo tempo, tenso. “Quando ela veio com aquela carne na gengiva, fiquei um pouco tenso. Mas tudo se resolveu muito rápido. Eu estou surpreso, porque o pessoal fala mal do sistema público de saúde, e o atendimento foi muito bom. Está sendo muito bom. Todo o processo foi muito bem explicado. O trabalho dos médicos foi muito bom”, comemora Natan.

Agora, para o pai, o desafio é outro. “Estou aprendendo, entendendo. Até então, a gente só cuida dos filhos dos outros. Mas e agora, o que eu faço? Não posso devolver para a mãe”, brinca. Ele acompanhou todo o trabalho de parto e continua auxiliando nos cuidados com a mãe e a bebê.

Amamentação

Uma das preocupações em realizar o procedimento o mais rápido possível foi a alimentação da recém-nascida. Por causa do tumor, a bebê não conseguia mamar no peito.

Dois dias depois, ainda em recuperação, Julia está iniciando as primeiras mamadas. Alimentando-se por meio de sonda, em translactação, a criança já suga ligeiramente o peito, embora mostre algum incômodo devido à cirurgia. “Estou dando um pouco do meu leite e um pouco do Banco de Leite Humano”, conta Marina.

O pai, Natan, conta que, logo que Julia nasceu, ele percebeu que a bebê usava aquela “carne” como uma espécie de chupeta. “Ela sugava como que estivesse mamando e se acalmava. Acho até que, por isso, pouco chorou. Depois que ela acordou da cirurgia, percebi que ficou um pouco agitada, parecia procurar aquele ‘pedacinho’ que não estava mais lá”, relata.

A epúlide congênita é uma patologia pediátrica muito rara que acomete recém-nascidos. É um tumor benigno dos tecidos moles, geralmente aparece no rebordo alveolar superior (entre a gengiva e o lábio), podendo ser observada na língua. A anomalia pode interferir na respiração e na deglutição.

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