Queda na adesão à vacina do HPV preocupa Sociedade de Oncologia
Segundo um estudo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, a falta de informação sobre as doenças relacionadas ao HPV é um dos fatores
atualizado
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Responsável por quase 85% dos casos de câncer de colo do útero, o HPV ainda é um problema de saúde pública. Apesar da vacina gratuita, o número de adolescentes imunizados caiu 23% em um ano.
Os dados são de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) em parceria com o Ministério da Saúde e publicado na revista Cancer, da American Cancer Society. Segundo o estudo, em 2014, 92% da população-alvo (meninas de 9 a 14 anos) foi vacinada — no ano seguinte, o número caiu para 69,5%. Na segunda dose, chegou a 43%.
A incidência de câncer de colo do útero é maior na região Nordeste e, não por acaso, a abrangência da vacina nessas localidades é menor. Em Alagoas, apenas 21,5% da população-alvo foi imunizada.
O Ministério da Saúde acredita que a queda na procura acontece, em grande parte, por conta do fim do envolvimento das escolas na campanha de vacinação. O fato de ser um vírus transmissível sexualmente e a falta de conhecimento sobre as doenças relacionadas ao HPV também devem estar entre as razões dessa diminuição.“As nossas análises colocam que é multifatorial. Alguns pais também têm medo da vacina aumentar a exposição das crianças ao sexo. Mas não é verdade, ela apenas protege contra um câncer que pode acontecer em alguns anos”, explica a médica Angélica Nogueira, oncologista membro da SBOC e presidente do EVA, Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos.
Informações conflitantes e falsas sobre a toxidade da vacina também devem ser esclarecidas. A medicação tem eficácia de 98% contra quatro subtipos do vírus e sua segurança já foi comprovada. “A OMS afirma que a vacina é segura. O Ministério precisa tomar muito cuidado com essa baixa na adesão. Precisamos de campanhas, principalmente nas escolas: lá a criança está presente”, explica Angélica.
Quem pode tomar a vacina gratuitamente?
- Meninos de 11 a 13 anos incompletos
- Meninas de 9 a 14 anos
- Pessoas com HIV de 9 a 26 anos
- Pessoas com câncer em tratamento de quimioterapia e radioterapia
- Pacientes submetidos a transplante de órgãos