Quatro bebês morrem no Hmib apenas nesta segunda-feira (5/6)
Alto número de casos em curto período levou servidores do hospital a fazerem reunião de emergência entre o fim da tarde e a noite
atualizado
Compartilhar notícia
Um dado alarmante preocupou a equipe do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) nesta segunda-feira (5/6). Entre a noite de domingo (4) e hoje, pelo menos quatro bebês morreram na unidade de saúde. Para tratar da situação, uma reunião de emergência foi organizada na noite desta segunda (5).
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde (SES-DF) lamentou a situação, mas descartou que as mortes tenham sido decorrentes de algum tipo de infecção. “Nesta segunda-feira (5), infelizmente foram registrados quatro óbitos. Porém, é preciso destacar que decorreram de complicações específicas no quadro clínico de cada paciente e não por alguma causa comum”, informou a pasta, por meio de nota. O órgão, entretanto, não respondeu ao questionamento sobre o motivo de cada uma das fatalidades.
Assim como a maioria dos hospitais da rede de saúde pública do DF, o Hmib tem passado por uma fase difícil. Em março deste ano, pelo menos três bebês foram contaminados pela bactéria Serratia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do hospital e precisaram ficar isolados. Um deles morreu. Outras duas crianças morreram no período, mas a contaminação pela bactéria foi descartada.
Por conta da situação, o atendimento na unidade foi restrito durante algumas semanas de março. A assistência no Centro Obstétrico do Hmib ficou reduzida apenas a casos emergenciais. À época, os pacientes de baixo risco foram direcionados para as unidades de ginecologia e obstetrícia dos Hospitais da Região Leste (Paranoá), da Asa Norte e de Samambaia.
Em janeiro, devido a atrasos em repasses pelo Governo do DF, a empresa que fornecia óleo para a caldeira da unidade suspendeu a distribuição ao Hmib. A escassez do combustível impediu a realização de serviços de lavanderia no hospital, etapa essencial para a esterilização de roupas. Por isso, a realização de cesarianas no local ficou suspensa.
Já em setembro do ano passado, voluntários da Associação Viva e Deixe Viver tiveram de fazer uma vaquinha com o objetivo de comprar novos armários para a UTI do Hmib. De acordo com o grupo, os espaços de armazenamento no local eram inadequados e potencializavam riscos de erro e contaminação nos pacientes da unidade.
Há ainda registros de pacientes sendo atendidos em corredores e de falta de equipamentos básicos como reagentes para a realização de exames. Os problemas datam de, pelo menos, dezembro de 2015, quando residentes do hospital fizeram uma paralisação reivindicando melhores condições de trabalho.
Hospital Regional de Taguatinga
A situação também é complicada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Nesta segunda (5), servidores da unidade fizeram um protesto denunciando superlotação e falta de profissionais na unidade. Segundo técnicos e enfermeiros, na emergência existem, oficialmente, 64 leitos. No entanto, havia 194 pacientes internados no domingo (4), mais do que o dobro da capacidade.
Também no último fim de semana, os problemas causaram um acidente que colocou em risco a vida de um paciente. O relato é de um técnico em enfermagem que preferiu não se identificar. “Presenciei uma paciente entubada despencar de uma maca que estava quebrada. Isso é algo absurdo e desumano. A sorte é que estávamos próximo para ajudar”, contou.
À reportagem, a Secretaria de Saúde disse que houve uma grande procura por atendimento no HRT nos últimos dias e a unidade não conseguiu suportar a demanda. “O pronto-socorro da unidade ficou lotado na manhã desta segunda-feira (5). Além disso, 163 pacientes estão internados, número além da capacidade que o hospital suporta”, disse a pasta, por meio de nota.
Colaborou Otto Valle