Polícia investiga morte de recém-nascido em hospital público do DF
Anne Caroline Medeiros de Assis, 21 anos, acusa unidade de Saúde por desassistência e negligência médica
atualizado
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A morte de um recém-nascido no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) virou alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Denúncia apresentada pela mãe do bebê, Anne Caroline Medeiros de Assis, 21 anos, nessa quinta-feira (13/06/2019), na 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), acusa o corpo médico de negligência e relaciona o falecimento, ocorrido no ano passado, a uma suposta desassistência na unidade pública de saúde.
Segundo o advogado de defesa da família, Suenilson Saulnier, Anne Caroline deu entrada às pressas no hospital público, em 6 de junho de 2018, quando ainda estava na 32ª semana de gestação. Na ocasião, ela apresentava pressão alta e fortes dores na barriga. Na unidade, o diagnóstico inicial teria apontado quadro de pré-eclâmpsia.
“Ela foi internada e os profissionais do HRS deram início ao controle da pressão arterial. Em decorrência do quadro, Anne acreditou que seria feita uma cesariana de urgência e, mesmo sem apresentar melhora, nada foi feito”, relatou o advogado.
No mesmo dia, a jovem começou a apresentar piora no quadro clínico. “O tempo foi passando e ela foi fazendo vários exames para saber como estava e só no oitavo dia, em 13 de junho, pediram a realização de uma ecografia. Antes do procedimento, começaram a aparecer em Anne edemas, acompanhados de mal-estar”, contou Saulnier.
Após a realização da ecografia, os médicos plantonistas teriam observado que o “recém-nascido estava entrando sofrimento fetal” – quando há falta de oxigênio para o bebê. “Era preciso que fizessem a cesariana e, mesmo assim, nada. A mãe dela chegou a ir ao posto de enfermagem comunicar o fato, mas fizeram pouco caso. Uma das profissionais, inclusive, debochou da paciente, dizendo que estava enchendo o saco dela a noite inteira. Elas pediram que esperassem a troca de turno dos profissionais.”
Ao Metrópoles, o advogado disse que a mulher só passou pela cesárea de emergência no dia 14 de junho, quando o médico plantonista percebeu a gravidade do estado de saúde dela. “Não bastou a mãe pedir socorro. Anne sofreu a noite toda, agonizava de dor, teve convulsões, sangramentos internos e precisou esperar pela troca [de plantão]. Já era tarde, o feto asfixiou-se com o líquido amniótico, chegou a ser tirado, mas viveu por apenas seis minutos.”
Se ainda estivesse vivo, Lorenzo Gabriel, como o recém-nascido se chamaria, completaria seu primeiro ano de vida nesta sexta-feira (14/06/2019). “Anne está traumatizada e essa situação gerou sequelas graves nela, que não pode mais engravidar. Ela tem só 21 anos”, indignou-se.
Investigação
Ao Metrópoles, o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado, explicou que, mesmo que Anne só tenha procurado a polícia um ano após o episódio, o caso não prescreveu. “Se houve mesmo um homicídio culposo, como o advogado alega, o crime não prescreve. No entanto, não podemos atestar ainda se houve culpa de alguém. Estamos investigando”, explicou.
De acordo com o investigador, Anne prestou o depoimento na presença de seu advogado, e a PCDF vai ouvir os demais envolvidos na acusação. “Há de ressaltar que iremos realizar uma apuração minuciosa para investigar se houve ou não alguma negligência. Já solicitamos exames de perícia e daremos continuidade à investigação dos fatos”, completou Maldonado.
Procurada pela reportagem, a direção do Hospital Regional de Sobradinho informou que não irá se manifestar até a conclusão do inquérito policial e que aguarda a apuração dos fatos.