Palhaçaria em hospitais alivia tensão de pacientes crônicos
“Promover sorrisos em um lugar onde se é puxado para baixo é uma experiência gratificante”, afirma um dos palhaços
atualizado
Compartilhar notícia
De nariz vermelho e com roupas coloridas, os palhaços Piaba Frita e Bocó transformam a rotina do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar em um grande picadeiro.Promovida pelo grupo de circo-teatro Sagrado Riso, a iniciativa contagia pacientes e funcionários. Com música e improviso, as alas de internação, de hemodiálise e da fisioterapia ganham um clima mais ameno.
Segundo Lilian Naves Lopes, psicóloga do hospital, essas práticas lúdicas são de extrema importância, principalmente na pediatria. “Para a maior parte das crianças, principalmente as que se tratam de doença crônica, é muito tensa essa rotina hospitalar. Muitas já reconhecem o caminho e começam a ficar nervosas, a chorar, a passar mal. Ter esse tipo de atração ajuda a se desligar e a se tranquilizar.” O grupo também vai aos Hospitais Regionais da Asa Norte (Hran), de Ceilândia e de Samambaia e interage com todos: pacientes, pessoal da limpeza, médicos e auxiliares.De acordo com a idealizadora, Alessandra Vieira, serão 32 horas de atuação dos palhaços até 6 de maio. “A ideia é proporcionar o acesso à cultura, o direito de abstrair e de rir, para enfrentar melhor a fragilidade na saúde e retomar a qualidade de vida”, explica. Ela promove esse tipo de trabalho há dez anos.
O poder da palhaçaria na humanização hospitalar
Diagnosticado com leucemia aos 9 anos, Vinicius Belizário assiste empolgado à apresentação. A sessão de quimioterapia se transformou em uma novela mexicana com direito a música ao vivo.
Para o pai, José Belizário, esses grupos auxiliam muito no tratamento do filho — que já dura oito meses —, pois servem como distração durante um procedimento tão invasivo. “As apresentações têm ajudado bastante, até mesmo a gente, os pais.”
Para o ator Gabriel Gonçalves, o palhaço Bocó do grupo Sagrado Riso, “promover sorrisos em um lugar onde se é puxado para baixo é uma experiência gratificante”. Ele acrescenta: “Ver a galera sorrindo e, quando você vai embora, ouvir que querem de novo alegra a gente.”