Pais não encontram doses da vacina pentavalente nos postos do DF
Não há previsão de quando o abastecimento será normalizado. Secretaria de Saúde pede que os pais procurem as unidades mesmo assim
atualizado
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Quem procurou postos de vacinação do Distrito Federal nas últimas semanas voltou para casa preocupado. Pais de bebês com idades acima de 2 meses enfrentam dificuldades para encontrar doses da vacina pentavalente nas unidades públicas de saúde. De acordo com a Subsecretaria de Vigilância à Saúde, todos os centros estão desabastecidos do medicamento.
Essencial na fase inicial da vida dos bebês, a pentavalente é a única a combinar cinco vacinas individuais em uma única dose. Uma aplicação protege os pequenos de doenças graves, como difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria Haemophilus influenza tipo B, causadora de infecções nasais, na garganta e meninge.
Não há previsão de reabastecimento. A Secretaria de Saúde (SES-DF) não informou a razão de os estoques estarem vazios. Contudo, orientou os pais a seguirem atualizando o calendário básico de vacinação, respeitando a idade da criança. Segundo a pasta, assim que o fornecimento for regularizado, os bebês poderão tomar as doses da pentavalente.
“É importante orientar aos pais que exijam as vacinas da faixa etária que estão disponíveis, e não há justificativa de postergar as demais vacinas por conta de apenas uma que está em falta”, afirmou a SES-DF em nota encaminhada ao Metrópoles.
Não é a primeira vez
Problemas envolvendo o estoque de vacinas pentavalentes nos postos públicos do Distrito Federal não são pontuais. Há dois meses, a capital voltou a ficar desabastecida das doses, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditar três lotes da vacina comprados da Índia. Na sequência, a agência proibiu o uso do medicamento fabricado pelo laboratório Biologicals E. Limited em todo o Brasil.
“Considerando os resultados da inspeção de boas práticas de fabricação e cuja conclusão classificou a empresa como insatisfatória por descumprimento de requisitos de qualidade”, justificou o órgão de controle na resolução.
Laudos emitidos pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentaram resultados insatisfatórios. Fabricado em novembro de 2018 e com validade até maio de 2021, o imunobiológico não atendeu às regras sanitárias brasileiras.
Segundo a Anvisa, os lotes da vacina foram reprovados no “ensaio de aspecto”. Esse teste faz uma avaliação visual da vacina para identificar qualquer tipo de alteração de cor, textura ou de presença de partículas, por exemplo.
As vacinas não foram distribuídas nem utilizadas. “A vacina não tem registro no Brasil e foi importada pelo Ministério da Saúde de forma excepcional, para uso nos programas de imunizações”, explicou a Anvisa.
Confira a resolução que proibiu o uso da vacina:
Na época, o Ministério da Saúde pontuou que a decisão de não distribuição dos lotes reprovados foi tomada “visando proteger a população”. Segundo a pasta, o governo federal solicitou a substituição dos lotes à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O órgão prevê a retomada da distribuição da pentavalente a partir de setembro.
De acordo com o ministério, em julho foram encaminhadas mais de 400 mil doses da pentavalente do laboratório Serum Índian aos estados. O DF recebeu 6,4 mil. O Ministério da Saúde obteve uma parcela dos novos lotes em agosto. O medicamento está em análise pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Ao final da avaliação de qualidade, as vacinas serão encaminhadas à população.