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Pacientes do Hran são obrigados a usar elevador que transporta lixo

Dos seis elevadores da maior referência em tratamento de queimados do DF, quatro estão quebrados. Telefones do hospital também não funcionam

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Fachada do Hospital Regional da Asa Norte
1 de 1 Fachada do Hospital Regional da Asa Norte - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Quatro dos seis elevadores do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) estão quebrados e, com isso, os pacientes são obrigados a conviver com uma rotina arriscada para a própria saúde. Segundo relatos de funcionários, os únicos dois ascensores em funcionamento têm sido usados para transportar tanto lixo contaminado e roupas sujas quanto refeições e até mesmo os doentes que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos.  

Os servidores contam que o problema se arrasta há pelo menos um mês, mas se agravou na semana passada, quando o número de equipamentos defeituosos chegou a quatro. Além disso, os dois elevadores que ainda funcionam apresentam problemas com frequência e, muitas vezes, quebram com pacientes, médicos, enfermeiros e outros servidores dentro.

O Hran tem sete andares. Pela entrada principal, no térreo, é possível acessar o centro cirúrgico, a unidade de terapia intensiva (UTI), o pronto-socorro e a pediatria. O problema é quando há a necessidade de subir ou descer os pavimentos. A unidade de queimados — setor de referência do Hran —, por exemplo, fica no terceiro andar.

Vi o mesmo elevador usado para transportar o lixo levando pacientes sedados. Também já presenciei, diversas vezes, macas sendo carregadas pela escada

Servidora do Hran que pediu para não ser identificada


Outro servidor, que também pediu anonimato, confirma o relato. “O mesmo elevador transporta lixo, pacientes e comida”, denuncia. 

A reportagem do Metrópoles esteve no hospital na tarde de segunda-feira (14/11) e constatou que existe uma placa vermelha em cima dos elevadores, indicando a finalidade de cada um. Uma diz “social”; outra define a entrada para “pacientes, alimentos e roupas limpas”; e a última limita a entrada e a saída de funcionários carregando “roupas sujas e lixo contaminado”.

No entanto, somente o social estava funcionando. Pelo mesmo elevador que saíam os visitantes, sem qualquer roupa especial, transitavam os funcionários com a alimentação dos pacientes. Além desses dois ascensores, que ficam no prédio principal, estão desativados um no centro cirúrgico e um no ambulatório.

A direção administrativa do Hran informou que os problemas nos elevadores começaram na semana passada e os equipamentos estão parados para manutenção. De acordo com a Secretaria de Saúde, a empresa responsável por fazer os reparos foi acionada. “Para o conserto, são necessárias peças que não temos no Distrito Federal. O pedido foi feito e virá de São Paulo. Deve chegar nos próximos dias”, informou a pasta, por meio de nota.

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Painéis dos elevadores 1 e 2 desligados: apenas o 3 está em operação
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Funcionária transporta refeições dos pacientes pelo elevador social

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
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Painéis dos elevadores 1 e 2 desligados: apenas o 3 está em operação

Rafaela Felicciano/ Metrópoles

 

Telefones cortados
Não são apenas os elevadores que estão quebrados no Hran. Há pelo menos quatro meses, os telefones estão cortados. “Não consigo pedir a transferência de um paciente para outro andar. Muitos servidores estão usando os telefones pessoais e aplicativos como o WhatsApp. Não recebemos adicional para isso. É um absurdo”, reclama um técnico em enfermagem.

Sobre os telefones, a Secretaria de Saúde reconheceu que o problema se arrasta há meses: as linhas foram cortadas por falta de pagamento. “A pasta está analisando as faturas dos serviços prestados pela empresa Oi. Atualmente, o pagamento é feito por verba indenizatória. A dívida é de cerca de R$ 28 milhões e corresponde a dados, telefonia e mobilidade”, disse, por meio de nota.

Água gelada e cheiro de cadáveres
O Hran tem sido palco de uma série de problemas nos últimos meses. Em julho, em pleno inverno, quem estava internado na unidade teve que tomar banho de água fria porque as caldeiras estavam quebradas.

Em setembro, a câmara mortuária, onde são guardados os cadáveres de pacientes que morreram na unidade, estava sem a devida refrigeração. Dessa forma, o cheiro dos restos mortais em decomposição podia ser sentido nos corredores do hospital.

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