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Pacientes de UTIs no DF podem ficar sem alimentação especial

Empresa alega que o GDF tem dívida de R$ 3,7 milhões e ameaça suspender o fornecimento do produto

atualizado

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ChicoLeite.org/Reprodução
hospital de base
1 de 1 hospital de base - Foto: ChicoLeite.org/Reprodução

A interminável crise na saúde pública do Distrito Federal ganha capítulos a cada dia. O mais recente chegou aos leitos dos pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A FBM Farma, empresa responsável pela manipulação da alimentação especial intravenosa voltada para pacientes que se encontram nesta ala, não recebe pelo serviço desde setembro de 2015 e avisou que vai interromper o fornecimento do produto.

No total, segundo a empresa, a dívida chega a R$ 3,7 milhões. “Se continuarmos assim, a previsão é de que o serviço seja interrompido em cerca de 20 dias”, explica Alessandro Silva, superintendente da FBM. Esse tipo de alimentação oferecido pela empresa é essencial para pacientes que não podem se alimentar via oral, o que ocorre em muitos casos daqueles que se encontram na UTI.

Atualmente, há cerca de 350 leitos de UTI na rede pública local — número insuficiente para atender a demanda diária nas diversas regiões administrativas da capital federal. O custo diário médio estimado por unidade é de, aproximadamente, R$ 3,9 mil.

Esterilização de equipamentos
O calote não está restrito ao serviço de nutrição. A FBM Farma também é responsável pela esterilização de equipamentos médicos e, igualmente por falta de pagamentos, cortou esse serviço na última terça-feira (15/3). O processo de esterilização dos equipamentos médicos é vital para evitar infecções hospitalares em procedimentos cirúrgicos e outras operações.

Se o problema não for sanado rapidamente, cirurgias e exames podem ser desmarcados por falta de segurança. Outro agravante é que os equipamentos utilizados teriam que ser inutilizados. “Sem a esterilização, o estoque de materiais deve durar apenas 12 dias”, afirma Alessandro Silva.

Profissionais da rede pública ouvidos pelo Metrópoles, que preferiram não ter os nomes divulgados, confirmaram a suspensão dos serviços de esterilização realizados pela empresa.

O problema, aliás, se arrasta há meses. Em janeiro deste ano, a empresa já havia cortado o serviço porque a Secretaria de Saúde não havia feito nenhum pagamento em 2014 e quitou somente quatro meses de 2015. À época, a dívida era de R$ 2,95 milhões. “Eles haviam prometido que nos pagariam logo mais e, por isso, voltamos a trabalhar. Mas fomos enganados”, conta Silva. Hoje, a fatura, segundo o representante da empresa, está em R$ 3,2 milhões.

Respostas
Em nota enviada ao Metrópoles, o diretor do Fundo de Saúde do Distrito Federal, Ricardo Cardoso, assegurou que o pagamento da dívida foi feito na sexta-feira (18/3). O superintendente da FBM confirmou o recebimento de R$ 1,8 milhão, mas afirmou que manteria o suspenso o serviço de esterilização e que o de nutrição também ainda se encontra em risco. “Preciso do pagamento integral. Fiz diversos empréstimos no banco e não tenho mais recursos para pagar transporte e fornecedores necessários para que eu faça meu serviço”, explica Alessandro Silva.

Neste sábado (19/3), segundo Silva, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, ligou para ele e pediu que o serviço seja restabelecido. Ainda de acordo com o representante de empresa FBM Farma, foi marcada uma reunião para segunda-feira (21), quando será discutido o pagamento do restante da dívida do GDF. Até lá, o serviço de esterilização será mantido.

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