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Os planos de Ibaneis para os hospitais caindo aos pedaços no DF

Governador eleito conseguiu, no Ministério da Saúde, R$ 270 milhões para o setor e agora garimpa outras verbas com parlamentares do DF

atualizado

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Fila em hospital
1 de 1 Fila em hospital - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A calamidade nos hospitais públicos do Distrito Federal foi um dos motivos que levaram os eleitores brasilienses a trocarem o comando do Palácio do Buriti em outubro. O governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) reconhece o problema – alvo de constantes ataques à atual gestão ao longo da campanha – e trabalha para garimpar recursos na esfera Federal. Nesta quinta-feira (8/11), o emedebista se encontra com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e quer garantir a realocação imediata de pelo menos R$ 270 milhões da pasta para o Distrito Federal.

Os recursos serão usados para tentar reduzir a quantidade de pacientes em corredores, muitas vezes acomodados no chão, e os pedidos judicializados de internação em Unidades de Terapia Intensiva. Também devem ser empregados para minimizar o desabastecimento – e o sucateamento – das unidades hospitalares.

Ibaneis sabe que, se demorar a dar uma resposta ao eleitorado em relação à saúde pública, pode ter a imagem da administração desgastada logo no início do governo. A tarefa, contudo, será árdua. Basta ir a qualquer unidade de saúde para verificar a multiplicidade de carências.

O Metrópoles vem noticiando a dificuldade do brasiliense que depende do sistema público hospitalar e, recentemente, a reportagem visitou plantões noturnos de quatro hospitais regionais: os do Paranoá (HRPa), de Taguatinga (HRT), de Ceilândia (HRC) e de Samambaia (HRSam). Em todos esses locais, os pacientes enfrentavam dificuldades logo na chegada, pois o sistema de cadastro dos usuários estava fora do ar durante todo o dia.

Na quarta (7/11), Ibaneis assegurou ao Metrópoles que, a partir do primeiro dia de janeiro, os problemas da área serão prioridade da gestão. “Não estamos empossados, mas isso não é motivo para ficarmos parados. Já garantimos R$ 270 milhões do Ministério da Saúde e agora estamos realocando emendas e recursos do orçamento para já termos caixa assim que assumirmos. A prioridade para a saúde é desde agora”, afirmou o governador eleito.

Segundo o emedebista, a possibilidade de contar com outras verbas federais também será discutida durante a visita ao ministro nesta quinta (8). “Nosso objetivo principal é melhorar o atendimento ao cidadão, dar mais dignidade a quem necessita da nossa rede. Também estamos trabalhando para mudanças no orçamento distrital e buscando emendas parlamentares para esse fim”, disse.

Responsável pela articulação política e pelo governo de transição, o vice-governador eleito Paco Britto (Avante) também recebeu a missão de sair a campo em busca de recursos para a capital federal. “Temos uma agenda com várias visitas sendo confirmadas até a próxima semana com o objetivo de melhorar os investimentos nas cidades”, confirmou à reportagem.

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Emergência do Hospital Regional do Paranoá
Emergência do Hospital Regional de Taguatinga
Pacientes esperam por atendimento no Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
Pacientes aguardam por atendimento no HRT
Paciente preenche cadastro no HRT
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Fila de atendimento no Hospital Regional do Paranoá (HRPr)

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Emergência do Hospital Regional do Paranoá

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Emergência do Hospital Regional de Taguatinga

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Pacientes esperam por atendimento no Hospital Regional de Taguatinga (HRT)

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Pacientes aguardam por atendimento no HRT

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Paciente preenche cadastro no HRT

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Espera por atendimento no HRC

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Equipe de socorro encaminha paciente para atendimento no Hospital Regional de Ceilândia (HRC)

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Ambulância desembarca paciente para atendimento no HRSam

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Socorristas encaminham mulher para atendimento no Hospital Regional de Samambaia

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Dura realidade 
No entanto, uma coisa é o discurso. Outra, a prática. Há anos a população se ressente de uma série de problemas na saúde pública e quem depende do serviço prestado pelo Estado não enxerga solução fácil.

Na quarta-feira (7), por exemplo, a principal queixa de pacientes nos dois principais hospitais do centro da capital era a falta de profissionais. No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), a reclamação era que havia poucos médicos, o que resultava na demora nos diagnósticos e tratamentos. “Os [médicos] que têm acabam sobrecarregados”, contou Daiana Santos, de 22 anos, uma das pacientes que aguardavam atendimento.

O lamento era o mesmo de Fábio Junior da Silva, 25, que há um ano e quatro meses acompanha de perto o drama da irmã. “Ela veio para saber se saiu o exame do bebê natimorto dela, mas é tudo muito demorado. Estamos esperando todo esse tempo. A espera é muito grande. Viemos ver se o exame saiu e, mais uma vez, não estava pronto”, disse o jovem, após longas horas na fila.

Uelington Santana, 43 anos, também se queixava da demora nos exames. “Estou com meu pai internado e ele precisa fazer uma ressonância imediatamente. A demora para fazer o exame só atrasa o diagnóstico. E se for uma doença mais séria?”, preocupa-se.

Fila de mil pessoas
No Instituto Hospital de Base (IHB), as carências também se acumulam. Sem querer ser identificada, uma médica da unidade explicou à reportagem que o setor onde trabalha possui 16 salas de cirurgia. No entanto, segundo ela, os locais nunca são usados de forma simultânea.

A profissional disse que a demanda é maior até que a capacidade do instituto, além de faltarem enfermeiros e anestesistas. Por essa razão, continua ela, as salas, muitas vezes, ficam vazias, apesar da necessidade dos pacientes.

“A população pode ter a impressão de que melhorou muito depois da mudança para instituto. No entanto, isso é porque antes existia uma triagem: quem não era emergencial era encaminhado para outros setores. Agora, como o instituto abriu as portas, é atendido quem chegar. Mas não adianta atender rapidamente se a estrutura interna do hospital não absorve o paciente. Temos uma fila de mais de mil pessoas para cirurgias”, denuncia a profissional.

A servidora conta que, antes da mudança, a situação era ainda mais complicada. “Faltava até material e roupa cirúrgica para os médicos.”

Intervenção
Presidente do Sindicato dos Servidores em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues reforça a necessidade emergencial de uma intervenção total nas unidades hospitalares. “O nosso servidor está doente, ele sofre com cada paciente que deixa de ser atendido ou que chega a morrer esperando atendimento”, conta.

Ainda segundo a sindicalista, “o descaso da atual gestão contribuiu – e muito – para a desgraça de todo esse quadro desesperador vivido por quem precisa, seja a trabalho ou por doença, enfrentar um ambiente hospitalar da rede”, disse.

Uma das principais bandeiras defendidas pelo futuro governador do DF foi extinguir o Instituto Hospital de Base e reintegrá-lo à rede pública de saúde. Embora não informe quando a reestruturação será feita, o governador eleito acredita que conseguirá melhorar o atendimento já na virada da gestão. “Temos de dar um fim na falta de material, de insumos e de estrutura para os servidores”, disse Ibaneis.

Escolha do secretário
Um dos impasses vividos pelo futuro governador é a escolha do futuro titular da saúde, área que historicamente tem dado problemas para os gestores do Distrito Federal. Para o cargo, o emedebista costura um nome que transite bem entre representantes de servidores, setores da área e também com autoridades da área federal.

“Nosso objetivo é ter alguém que esteja disposto a agilizar e modernizar os serviços. Isso é uma coisa que temos de priorizar”, finalizou Ibaneis.

Além da falta de materiais e de pessoal, o futuro gestor da pasta enfrentará estrutura precária nos hospitais. As unidades são velhas e recheadas de problemas, como o que ocorreu no último fim de semana, quando um cano estourou e alagou o Hospital Regional de Sobradinho. Mais um retrato do caos na área de saúde pública do Distrito Federal.

Colaboraram Luísa Guimarães e Victor Fuzeira

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