Novos áudios mostram conversas de médicos da Máfia das Próteses
Eles combinavam esquemas para deixar as cirurgias mais caras e lucrar mais com os procedimentos, segundo a polícia
atualizado
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A Polícia Civil ouvirá nesta segunda-feira (5/9) novas vítimas que procuraram as autoridades depois que a operação Mister Hyde foi deflagrada. A investigação descobriu um esquema no qual médicos recomendavam aos pacientes cirurgias desnecessárias, usavam próteses de baixa qualidade ou produtos vencidos, para lucrar.
A polícia realizará novas buscas, nos próximos dias, para averiguar o envolvimento de outras pessoas na Máfia das Próteses. A semana dos agentes da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) será de análise do material apreendido nas casas dos acusados e no hospital Home, onde eram realizadas as cirurgias.A Deco orientou as delegacias que receberem novas denúncias a tratarem esses depoimentos como prioridade, segundo o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente.
Neste domingo (4/9), o Fantástico apresentou novos trechos de conversas entre os envolvidos. Neles, médicos combinam com Micael Bezerra, sócio da TM Medical, o acréscimo de materiais, com o objetivo de deixar mais caras as cirurgias para os planos de saúde.
Como os crimes ocorriam
A Operação Mister Hyde, que recebeu este nome em alusão ao filme de terror “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, movimentou mais de 200 policiais e 21 promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Segundo a investigação, um grupo de médicos recomendava aos pacientes procedimentos cirúrgicos inadequados, para ganhar cada vez mais dinheiro. Entre as 13 pessoas presas, estão médicos e representantes de empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs). Destas, cinco foram soltas na sexta-feira (2/9).
A polícia afirma que cerca de 60 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa, a TM Medical. O esquema teria movimentado milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Há casos de pacientes que foram submetidos a operações das quais não precisavam, como sucessivas cirurgias, que geravam lucro para os suspeitos. Em outros momentos, conforme revelado pelas investigações, eram utilizados produtos vencidos e era feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.
O outro lado
Em nota, o Hospital Home informou que os cirurgiões investigados não fazem parte do corpo clínico da unidade e “apenas utilizavam, eventualmente, as dependências do hospital para cirurgias”. Disse ainda que qualquer médico habilitado no Conselho Regional de Medicina (CRM) pode realizar procedimentos na unidade. “Sendo assim, nos casos citados na investigação, o Home prestou exclusivamente serviços hospitalares, sem qualquer interferência ou participação nas condutas médicas, dentre as quais, a indicação, aplicação e escolhas de órteses e próteses.”
Sobre a acusação de uma das vítimas, de tentativa de suborno para que ela não denunciasse médicos, o hospital diz que os fatos “estão sendo distorcidos e que está impedido de se manifestar publicamente para esclarecimento da verdade em observância ao dever de guardar sigilo sobre os dados constantes do prontuário médico desta paciente”. “A direção do Home lamenta qualquer ilicitude que porventura tenha sido praticada por profissionais médicos em desfavor de seus pacientes e manifesta ampla solidariedade a todos aqueles que possam desafortunadamente ter sido alvos da ação dos denunciados”, conclui a nota.
Dinheiro recolhido
Além das 13 prisões, os investigadores cumpriram 21 mandados de busca e apreensão e recolheram mais de R$ 500 mil em dinheiro (real, dólar e euro) nas casas dos suspeitos na última quinta-feira (1/9).