Novacap: falhas em projetos de hospitais afetam atendimento na Saúde
Companhia identificou problemas no Hospital de Santa Maria. Governo do Distrito Federal faz manutenção nas unidades públicas
atualizado
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Os problemas na saúde pública do Distrito Federal começam com erros na construção dos hospitais. Análise feita pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) identificou que a rede sofre por falhas nos projetos dos edifícios hospitalares. Somente na planta do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) foram localizadas três falhas graves.
Engenheiros e arquitetos da Diretoria de Edificações da Novacap auditaram cada metro quadrado da unidade, incluindo as áreas de internação de pacientes. Segundo o presidente da companhia, Cândido Teles de Araújo, as imperfeições encontradas no hospital servirão de lição. “Não podemos permitir que elas aconteçam nas futuras unidades da rede que serão construídas”, pontuou.
De acordo com a auditoria, a área da farmácia do HRSM é muito pequena. Por falta de espaço, medicamentos e insumos não são armazenados da forma correta e segura. A sala da informática também não está nas dimensões adequadas. Dessa forma, os servidores não têm um ambiente adequado para trabalhar no controle do atendimento.
“Outro vício que chama atenção está no ar-condicionado das enfermarias”, assinalou. A falha no projeto de instalação do aparelho de refrigeração dificulta a operação e a manutenção. Segundo a inspeção, a unidade está vulnerável a panes. No final das contas, pacientes, visitantes e servidores sofrem com calor e a proliferação de infecções.
Falhas menores também foram flagradas no Hospital de Santa Maria, que tem apenas 10 anos de operação. “Para os próximos hospitais, queremos corrigir as imperfeições do passado”, disse o presidente.
Investimentos
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), planeja construir quatro novos centros médicos. Antes do fim do ano, pretende lançar as obras do Hospital Oncológico, do Hospital Materno Infantil de Ceilândia e de novas unidades no Guará e em Ceilândia. Sem contar equipamentos, insumos e pessoal, o centro de tratamento do câncer custará R$ 50 milhões. O valor dos demais prédios será de R$ 39 milhões.
De acordo com Teles de Araújo, o Governo do Distrito Federal (GDF) precisa construir novos hospitais para conseguir fazer a manutenção e reparo da rede pública. “Não tem como reformar com pessoas internadas. A obra fica caríssima”, argumentou. Conforme novos leitos forem abertos, a rede será desafogada, dando espaço para consertos e melhoria da infraestrutura.
Outra questão abordada pelo presidente da Novacap é a adequação dos espaços para os equipamentos. “Os projetos desses hospitais antigos, quase com a idade de Brasília, não existem mais. Sem as plantas, como você vai modificar?”, revelou o presidente.
Em 2013, na gestão de Agnelo Queiroz (PT), o Hospital de Base comprou um PET scan. O aparelho custou US$ 1 milhão, mas, sem um local adequado para instalá-lo, está sem funcionamento. O GDF negocia com a Justiça para resolver a situação. Enquanto isso, conforme o Metrópoles noticiou, a fila da ressonância magnética no Distrito Federal tem mais de 21 mil pedidos.
Reformas simultâneas
A Secretaria de Saúde lançou um pacote de obras para realizar a manutenção predial das unidades. O valor dos investimentos é de R$ 43.283.430,30 e, segundo a pasta, as obras começaram simultaneamente em 1º de agosto. Inicialmente, serão executados os serviços mais urgentes, como a revitalização de telhados, revisão elétrica e reparos nos pisos. A previsão de entrega é de 180 dias.
Confira onde serão investidos os recursos do pacote:
- Brazlândia (hospital e unidades básicas): R$ 870.012,22
- Hospital Regional de Taguatinga: R$ 2.910.991,13
- Gama (hospital e unidades básicas) e Santa Maria (unidades básicas): R$ 4.010.909,91
- Ceilândia (hospital): R$ 3.735.105,45
- Planaltina (hospital e unidades básicas): R$ 1.697.971,21
- Sobradinho (hospital e unidades básicas): R$ 1.899.164,01
- Paranoá/São Sebastião (hospital e unidades básicas): R$ 2.882.950,17
Panfletário
Crítico contumaz do governo, o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, não concorda com a linha de ação do GDF. Para o sindicalista, é preciso de investimentos mais pesados e concretos na ampliação e manutenção da rede pública. “Diferente de governos anteriores, esta gestão tem discurso panfletário. Pinta uma parede e diz que reformou.”
“A saúde não pode esperar. O governo tem que cuidar bem dos pacientes enquanto faz a manutenção dos hospitais mais velhos e amplia o parque hospitalar.”
Gutemberg Fialho, presidente do SindMédico
Na avaliação de Fialho, existem problemas graves na infraestrutura dos hospitais regionais de Brazlândia, Gama, Planaltina, Ceilândia e Sobradinho. “No Paranoá, o ar-condicionado vive quebrando. O Hospital de Taguatinga precisa de manutenção predial constante. Na realidade, todos os centros médicos deveriam receber cuidados preventivos regularmente”, acrescentou.