No DF, 27% dos mortos por coronavírus tinham menos de 60 anos
Ao todo, são 532 óbitos entre pessoas com até 59 anos. Dados levam em conta vítimas que moravam na capital do país
atualizado
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Entre os moradores do Distrito Federal, uma a cada quatro vítimas que perderam a vida em decorrência do novo coronavírus tem menos de 60 anos. Boletim da Secretaria de Saúde dessa quarta-feira (19/8) mostra que 27% dos óbitos ocorreram entre a parcela mais jovem da população, o que representa 532 mortes.
O cálculo leva em conta as 1.969 mortes de pessoas que moram na capital. O total de óbitos em função da Covid-19 em unidades hospitalares do DF, contudo, é de 2.158 devido aos infectados vindos de outros estados (veja tabela abaixo).
Apesar de a maior parte das mortes entre moradores da capital ser de pessoas abaixo dos 60, a taxa de letalidade é mais alta entre a população idosa. Enquanto que contaminados com 20, 30 ou 40 anos morrem em menos de 1% dos casos, o percentual de vítimas entre idosos passa dos 5%. Já para a população com mais de 80 anos, o índice é de 25%.
De acordo com Lucas Vargas, coordenador da clínica médica de hospitais da Rede Santa Lúcia, o número pode ser considerado expressivo e serve de alerta.
“A Covid-19 não é uma doença só respiratória, a gente não sabe como ela reage dentro do organismo. Uma carga viral mais alta ou alguma comorbidade pode aumentar as chances de um resultado negativo”, conta.
Para ele, a retomada das atividades econômicas expõe muito mais as pessoas entre 20 e 59 anos, o que pode fazer com que essa proporção possa aumentar. “Quanto maior o número de infectados, maior a possibilidade de morte”, diz.
Teletrabalho
Por esse motivo, o médico recomenda que o teletrabalho continue sendo utilizado quando possível. “Aglomerar pessoas neste momento é complicado. As empresas precisam se reinventar. Com esse calor, é necessário um ambiente arejado, evitando ar-condicionado”, pontua.
O infectologista Alexandre Cunha, do Hospital Sírio-Libanês, diz que a porcentagem de 27% de mortos ser de pessoas abaixo dos 60 anos precisa ser analisada levando em conta uma série de fatores.
“Parece que muitas pessoas jovens estão morrendo. Seria necessário saber quantas pessoas realmente estão com a doença no DF para podermos calcular a letalidade entre cada faixa etária”, explica.
Isso não significa, no entanto, que pessoas mais jovens não precisam se preocupar com a doença. “Não tem como garantir que qualquer infectado vai evoluir bem, pois não existe tratamento preventivo. Levando para o caso de saúde pública, é um leito que será ocupado por alguém que poderia ter evitado a doença e um idoso que fica sem assistência”, afirma.