Mr. Hyde: investigadores querem saber se esquema chegou à rede pública
As suspeitas foram reforçadas após prisão do coordenador de Ortopedia da Secretaria de Saúde, flagrado por câmeras de segurança queimando documentos
atualizado
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Com a prisão do médico Fabiano Duarte Dutra na terceira fase da Operação Mr. Hyde, deflagrada nesta sexta-feira (21/10), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil vão investigar se o esquema criminoso atingiu a rede pública de saúde. Isso porque o especialista trabalhava como coordenador de Ortopedia da Secretaria de Saúde, mas será exonerado, segundo a pasta.
O médico foi detido preventivamente nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, em sua residência na Asa Sul. Ele é acusado de destruir provas para atrapalhar as apurações sobre o esquema. De acordo com os investigadores, Fabiano fez uma enorme fogueira no Parque Ecológico Dom Bosco, no Lago Sul, em 4 de outubro, dois dias antes de a segunda fase da Mr. Hyde ser deflagrada, para queimar documentos.
Os investigadores da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) identificaram que o médico estava destruindo as provas e acionaram os peritos do Instituto de Criminalística (IC) para tentar salvar algum documento. “Conseguimos identificar documentos com o timbre do Hospital Home e de uma empresa que pertence a ele. Encontramos fragmentos de mídias, pendrives, prontuários médicos, recibos de repasses financeiros, entre outros objetos “, ressaltou o delegado Adriano Valente, da Deco.
Tanto a Secretaria de Saúde quanto o Hospital Home, localizado na L2 Sul, informaram, por meio de nota, que não têm qualquer participação nos fatos apontados pela terceira fase da Mr. Hyde e que estão colaborando com as investigações. Ambos os locais foram alvos de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça nesta sexta.
Memória
A Mr. Hyde investiga a chamada Máfia das Próteses, que envolve um esquema de médicos, hospitais e empresas de próteses e órteses. Entre outros crimes, o grupo é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Polícia Civil de fazer cirurgias desnecessárias com o objetivo de obter lucros exorbitantes.
Os investigadores desarticularam o esquema em 1º de setembro deste ano. Nesse dia, foram presos 13 suspeitos, entre médicos e pessoas relacionadas à empresa TM Medical, que fornecia equipamentos superfaturados e até mesmo com validade vencida para as cirurgias. Pelo menos 60 pacientes foram alvos da organização criminosa, segundo os investigadores.