Mesmo com ordem judicial, família não consegue vaga de UTI para idoso
Joaquim de Araújo, 78 anos, recupera-se de uma parada cardíaca no HRP desde segunda (14), mas precisa de leito intensivo
atualizado
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Com um mandado judicial em mãos, a família de Joaquim Macedo de Araújo não sabe mais a quem recorrer para conseguir dar ao idoso, de 78 anos, o tratamento indicado pelos médicos. Internado no box de emergência do Hospital Regional de Planaltina (HRP) desde quando sofreu uma parada cardíaca, na última segunda-feira (14/5), o estado de saúde do paciente vem se agravando devido à falta de estrutura para cuidados intensivos no HRP.
Na tarde de quinta-feira (17), a 2ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou a imediata internação de Joaquim de Araújo em alguma UTI de hospital da rede pública de saúde do DF ou, na falta de vagas, o fornecimento de cobertura integral pelo GDF de internação em UTI da rede privada.O idoso precisou passar por dois procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e teve complicações após a realização do procedimento, feito a partir de compressões na região torácica, perto do coração. Devido à pressão das compressões, a RCP pode causar lesões às costelas, sobretudo em idosos.
A Secretaria de Saúde (SES) informou que o paciente segue no HRP, está recebendo assistência da equipe médica e de enfermagem e já foi inscrito para vaga em UTI. A transferência depende da liberação de leito e do atendimento às necessidades clínicas do usuário. Até a noite de quinta (17), 75 pacientes aguardavam transferência para leitos de UTI. Na noite de sexta (18), o homem ainda não havia conseguido lugar em unidade de terapia intensiva.
Conforme informou a SES ao Metrópoles, a equipe da Central de Regulação da secretaria realiza buscas ativas, 24 horas por dia, em toda a rede pública e também na privada, de modo a garantir o encaminhamento do paciente para o leito no menor tempo possível para a primeira vaga que surgir.
Dificuldades
Enteada do idoso, a bancária Elisângela Medeiros diz que o padrasto começou a apresentar complicações e se recupera de uma pneumonia. “Ele está sendo bem atendido no Hospital de Planaltina, os médicos e enfermeiros têm feito tudo ao alcance deles, mas no local não tem estrutura para o tratamento recomendado. Há indicação de hemodiálise diária, mas o hospital não possui o aparelho. Conforme o tempo passa e a transferência não vem, nossa preocupação só aumenta”, conta Elisângela.
Segundo a neta de Joaquim de Araújo, a farmacêutica Marina Medeiros, o avô tem diabetes, mas nunca foi paciente renal. “A recomendação de hemodiálise é consequência de tudo que ele está passando. Ele foi colocado numa fila que, na realidade, parece mais uma sentença. A gente coloca a saúde dele nas mãos de Deus”, afirma.
Para Marina, a concessão da liminar foi a etapa mais fácil da saga pela transferência. “Eu pensei que teríamos dificuldades para conseguir a decisão da Justiça, mas essa foi a parte mais fácil. No meio judicial, já fizemos de tudo. Não bastasse o sofrimento de vê-lo acamado, imerso em tubos e aparelhos essenciais para a manutenção da sua vida, temos que batalhar contra a precariedade do sistema de saúde”, diz.