Mesmo com decisão judicial, Mateus não é operado e pode morrer no DF
Diagnosticado com transposição dos grandes vasos do coração, menino espera por vaga em UTI para fazer cirurgia
atualizado
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Nascido há pouco mais de uma semana, Mateus luta para sobreviver na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Diagnosticado com transposição dos grandes vasos, o sangue não chega ao coração com a oxigenação necessária e apenas uma cirurgia poderia garantir ao menino um crescimento saudável.
A recomendação para o procedimento foi feita imediatamente após o parto, realizado no último dia 17, mas a família não conseguiu marcar a cirurgia. No dia seguinte (18/5), a 8ª Vara de Fazenda Pública do DF emitiu ordem judicial para transferência do menino ao Instituto de Cardiologia do DF (ICDF).Mesmo diante da determinação judicial, uma semana depois, o bebê segue internado na UTI do Hospital de Sobradinho, sedado e com o organismo funcionando por meio de equipamentos e medicação pesada. Mateus pode morrer a qualquer momento.
A mãe do recém-nascido, Larissa Ferreira da Silva, 21 anos, diz que o filho só consegue bombear o sangue por causa dos remédios, não tem forças para mamar nem fazer as necessidades fisiológicas há alguns dias.
“Dizem que não há vaga em UTI e estão procurando também na rede privada, mas a situação dele é tão grave que foi colocado como primeiro da fila. Está recebendo doses de adrenalina no máximo, e com o coração pulsando muito forte. Para continuar vivo, precisa de seis medicações fortíssimas em quantidade bem alta. Já não está respondendo bem ao tratamento, mas a dose não pode ser maior porque ele pode sofrer uma parada cardíaca”, conta a mãe.
Larissa teme que, conforme o tempo passe, o estado de saúde do filho piore e ele fique com sequelas ou, pior, morra. “Quando nasceu, chorou, estava corado e eu conseguia amamentar, mesmo que pela sonda. Agora, os rins não funcionam direito, ele não faz mais xixi nem cocô e está roxo. Quem vê pensa que está morto”, emociona-se.
Para a mãe, moradora de Planaltina e atualmente desempregada, o bebê está sendo tratado com descaso por parte do sistema público de saúde do DF. “Hoje o defensor público me ligou dizendo que o nome do meu filho sumiu da lista de regulação na noite dessa sexta [25]. Como o documento precisa ser atualizado todo dia pelo hospital, a médica disse a ele ter esquecido e teve de inserir novamente”, conta.
O receituário assinado pela pediatra neonatologista do HRS, Isabel Leal, no dia seguinte ao parto recomenda transferência urgente para uma unidade onde o menino possa ser submetido a cateterismo e cirurgia cardíaca. O documento ressalta a gravidade do paciente e o risco de morte.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o menino está inscrito para cirurgia cardíaca e internação em UTI, após o procedimento no ICDF. “Não há vaga na UTI da unidade, o que impossibilita a remoção neste momento [para o instituto]. A Central de Regulação mantém ativas as buscas junto ao ICDF para que o paciente seja atendido o mais rapidamente possível”, destacou a pasta.