Idosa que sofreu AVC fica sem UTI no HRT mesmo com decisão judicial
Antônia Maria Pereira da Silva deu entrada no Hospital Regional de Taguatinga no último sábado (16/6) e ainda espera por vaga
atualizado
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Mesmo com decisão judicial favorável, a aposentada Antônia Maria Pereira da Silva, 62 anos, espera por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). No último sábado (16/6), ela deu entrada na emergência da unidade após ter sofrido um AVC. Por falta de leito, foi obrigada a receber os cuidados médicos no corredor. Quatro dias depois, continua na ala vermelha, na mesma situação.
Filha da aposentada, Lennie Cynthia Pereira da Silva, 33, conta os momentos de desespero e angústia que tem vivido nos últimos dias. De acordo com ela, no sábado (16), a mãe começou a apresentar sintomas preocupantes. A idosa estava com a fala embolada, o lado esquerdo do rosto paralisado, a respiração ofegante e sentia fortes dores de cabeça.
Lennie ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Surgiu aí a primeira decepção: ela foi informada de que não havia ambulância disponível para o atendimento imediato.
Tive que ir para o hospital com meu carro. Quando cheguei, ainda nos fizeram passar pela triagem, mesmo com minha mãe sentindo falta de ar e vomitando
Lennie Cynthia Pereira da Silva
Ela diz ter esperado quase uma hora no pronto-socorro da unidade até um médico aparecer e pedir que a aposentada fizesse uma tomografia. Enquanto aguardava, acabou surpreendida com outra má notícia: sete horas após ter dado entrada, a unidade informou que não tinha equipamentos necessários para a realização do exame.
Revoltada e desesperada, a assistente de telemarketing recorreu à Defensoria Pública do Distrito Federal para a transferência e internação imediatas da mãe na UTI. A decisão favorável da Justiça saiu na madrugada de domingo (17). A transferência para o Instituto Hospital de Base (IHB) só foi feita por volta das 14h do mesmo dia.
No HRT, com a falta de quartos disponíveis, Antônia teve de ser entubada na sala de sutura, mesmo com a enfermeira da unidade sendo contrária ao procedimento, pelo elevado risco de infecção que estaria sendo submetida. “Para você ver os absurdos que estão fazendo minha mãe passar. É revoltante, estou desnorteada”, protestou Lennie.
Em uma das fotos feitas pela filha e cedida à reportagem (veja abaixo), um aviso da direção do hospital pregado na parede da sala alerta que é “terminantemente proibida a internação de pacientes na sala de sutura”.
Lennie disse que tanto ela quanto a mãe foram informadas por profissionais da unidade de que um leito já havia sido reservado para quando a idosa retornasse dos exames no IHB. “Me disseram ainda na ambulância, enquanto ela estava entubada e respirando com ajuda do tanque de oxigênio. Os médicos me prometeram”.
Ao voltar da tomografia, avisaram que, “por um erro no sistema”, a mãe teria perdido o leito na UTI e precisaria aguardar nos corredores da unidade hospitalar. Sem saída, a filha recorreu novamente à Defensoria Pública.
Na segunda (18), a Justiça determinou a internação imediata em vaga de UTI, seja em hospital público ou particular. A juíza Carine Leite Macedo, responsável pelo caso, ainda intima e adverte: “Em caso de descumprimento desta decisão judicial, será apurada a responsabilidade criminal por desobediência”.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde informou que “a paciente segue inscrita no mapa de espera por leitos de UTI e conta com o suporte requerido ao caso”. Segundo a pasta, todos os quartos estão ocupados e dependem da melhora clínica da internada para a vacância da unidade de terapia intensiva.
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