Mesmo com biolarvicida para combater Aedes aegypti em estoque, GDF gasta R$ 1,7 milhão para comprar o produto
Segundo a Secretaria de Saúde, aquisições foram feitas sem licitação por conta da demora no processo regular
atualizado
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Depois de anunciar o recebimento de 600 litros de biolarvicida da empresa União Química, em janeiro, o Governo do Distrito Federal (GDF) publicou duas dispensas de licitação na edição de sexta-feira (12/2) do Diário Oficial do DF — justamente para a aquisição emergencial de larvicida biológico e inseticida, ambos para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Juntas, as compras somam um total de R$ 1.775.700.
A justificativa da Secretaria de Saúde é de que a quantidade recebida em janeiro não era suficiente para atender o plano de combate ao mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus. De acordo com a pasta, não há previsão do tempo de duração, uma vez que depende do que é encontrado pelas equipes nas ruas do DF.No evento em que anunciou o recebimento do biolarvicida, o diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, Divino Valero, afirmou que uma gota do produto é suficiente para ser dissolvida em pelo menos um litro de água. Seguindo essa lógica, seriam necessários 12 milhões de litros de água para acabar com os 600 litros recebidos há menos de um mês pelo GDF.
O processo foi realizado na modalidade Dispensa de Licitação, o que, como o próprio nome indica, não exige a abertura de um processo licitatório. A publicação beneficiou a empresa ST Irajara Agrícola LTDA — que tem o nome fantasia Futuro Fértil, com sede no Rio de Janeiro. De acordo com a pasta, a compra foi feita dessa forma “porque um processo regular demora, em média, seis meses, tempo considerado extenso para a situação atual de combate ao mosquito”.
Contactada pelo Metrópoles, uma funcionária da empresa afirmou que vendia os produtos, mas não tinha certeza se ainda havia itens em estoque. Procurada, a Futuro Fértil passou o contato de um outro fornecedor de produtos — que negou envolvimento com a licitação.
Dengue em 2016
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde em 2016, o Distrito Federal registrou 2.125 casos suspeitos de dengue até 11 de fevereiro, com 1.794 confirmados. Desses, 1.587 são residentes de Brasília e 207 de outras unidades da Federação. Das regiões administrativas com mais casos neste ano, Brazlândia (420) e São Sebastião (176) lideram a lista.