Mesmo após proibição, remédio chinês contra leucemia ainda é receitado
O Ministério da Saúde informou que a última compra foi realizada antes da proibição e que os tratamentos não devem ser interrompidos
atualizado
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Mesmo após a proibição da Justiça, o Leuginase – medicamento chinês usado no tratamento da leucemia linfoide aguda, continua a ser receitado. Segundo o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), o remédio não possui comprovação de eficácia ou estudos clínicos aprovados por autoridades sanitárias do Brasil, nem fabricação ou farmacopeia reconhecidas no país. Mesmo assim, foi adquirido pelo Ministério da Saúde e distribuído a hospitais.
Na sexta-feira (12/1), o Metrópoles divulgou que servidores do ministério e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) serão alvo de ação de improbidade administrativa por terem autorizado a compra.
O Ministério da Saúde esclareceu, por meio de nota, que a última compra do medicamento foi feita antes da decisão de suspendê-lo. A pasta informou que, após decisão da Justiça Federal, restringiu a compra e a distribuição do Leuginase, cujo princípio ativo é o L-Asparaginase. O ministério diz não ter realizado mais a entrega aos estados nem nova compra.Em meio a toda a polêmica, uma mãe procurou a redação. Ela afirma que os médicos receitaram quatro doses do Leuginase para o filho, de 4 anos. A mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, teme pela saúde da criança, uma vez que a eficácia do medicamento está em xeque. “É difícil ficar tranquila com uma situação dessas. Fico preocupada com possíveis efeitos colaterais”, disse.
Segundo órgão, “o produto adquirido pela pasta contém o princípio ativo L–Asparaginase, com atividade enzimática (ação esperada) comprovada por seis diferentes laboratórios (LNbio, INCQS/Fiocruz, MS bioworks, Bioduro, USP e Butantan)”.
A pasta do governo federal disse ainda que encaminhou nota informativa aos gestores estaduais da Assistência Farmacêutica e aos hospitais habilitados em oncologia que recebem o medicamento L-asparaginase.
O documento recomenda que não seja interrompido o tratamento dos pacientes com leucemia linfoide aguda (LLA), pois a decisão judicial foi de cunho gerencial e operacional, voltado para que a “União se abstenha de adquirir e distribuir, em toda a rede nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), novos lotes do medicamento chinês”.