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“Medicina de guerra”, dizem profissionais sobre Hospital de Ceilândia

Declaração foi dada por médicos durante inspeções promovidas por conselhos profissionais, sindicatos e MPDFT nesta terça-feira (14/05/2019)

atualizado

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CRM-DF/Divulgação
HRC
1 de 1 HRC - Foto: CRM-DF/Divulgação

Uma força-tarefa composta por vários conselhos profissionais e sindicatos da saúde, com o apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), realizou uma vistoria no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e constatou uma série de problemas relacionada ao atendimento e ao exercício das profissões.

“Medicina de guerra” foram as palavras escolhidas pelos médicos para descrever a rotina de trabalho diante de todos os problemas enfrentados diariamente nas unidades de saúde do DF.

As entidades visitaram o pronto-socorro, a UTI neonatal, a pediatria, o centro obstétrico e a sala vermelha do HRC. Nesses locais, depararam-se com pacientes internados em macas nos corredores, sem nem sequer um suporte para soro, função que cabia aos acompanhantes. Também encontraram falhas na triagem de classificação de risco e quantidade de servidores incompatível com a demanda.

O trabalho de vistoria, segundo as entidades, continuará e abrangerá, além dos hospitais públicos, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os postos de saúde. O objetivo é traçar um diagnóstico preciso sobre a situação que o Distrito Federal vem enfrentando há anos no sistema de saúde. O resultado está previsto para daqui a quatro meses, conforme adiantou o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), Farid Buittago Sánchez.

“Feito esse diagnóstico, buscaremos saber onde estão os principais problemas do atendimento ao paciente, identificando e propondo soluções específicas, que passam pela atenção primária, secundária e terciária”, explica Sánchez.

O presidente do conselho criticou as decisões recentes do governador, Ibaneis Rocha (MDB), de exonerar diretores quando casos de falta de atendimento vêm a público. O episódio mais recente diz respeito ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS), onde uma jovem de 19 anos morreu por falta de atendimento no fim de semana. Devido ao caso, Ibaneis mandou afastar os gestores da unidade.

“As soluções não passam pela demissão de diretoria, porque essa é inócua. A solução passa basicamente pelo fortalecimento da atenção primária, redimensionamento de quadro na rede pública, aumento de leitos e de unidades hospitalares, mas, principalmente, pela contratação de profissionais de saúde”, sugere Sánchez.

A conselheira dos conselhos Federal e Regional da Medicina Rosylane Rocha ouviu de seus pares no HRC que a situação é caótica na unidade de Ceilândia. “A diferença é que, em situações de guerra, os médicos retornam como heróis. No HRC, não. Lá os médicos são tratados como vilões. Muitas vezes dizem que não tem atendimento porque não há profissionais. Na verdade, tem o médico, mas ele está cuidando de dezenas de pacientes internados e não consegue atender os que chegam no pronto-socorro”, diz Rosylane.

Outro lado
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde afirmou que “está atuando em todas as frentes para a superação do caos deixado na saúde pública pelas gestões anteriores”.

“Várias providências já foram tomadas, e outras inúmeras estão em andamento. Entre elas, podemos citar a realização de mais de 22 mil cirurgias eletivas e de emergência em apenas quatro meses de gestão. O Iges-DF acaba de anunciar o processo de contratação de mais de 2.400 profissionais, entre médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem”, acrescentou a pasta, por meio de nota.

Sobre as críticas às exonerações, a Secretaria de Saúde defendeu que os cargos em comissão, de chefia e assessoramento são de confiança dos gestores públicos e que o governador pode, a qualquer momento, promover mudanças.

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