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Medicamento para hipertensão pulmonar está em falta no DF

Remédio é essencial para a sobrevida de pacientes diagnosticados com a doença

atualizado

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Falta de remédios na rede pública do DF – Brasília – DF 21/10/2015
1 de 1 Falta de remédios na rede pública do DF – Brasília – DF 21/10/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

No período de seca do Distrito Federal, nem beber muita água Renata Pain pode. Há dois anos, a moradora do Paranoá nunca teria adivinhado que seria privada de um ato tão banal. Antes dos 31 anos, a vida dela passou sem muitas surpresas. Renata casou-se aos 24 e teve dois filhos, uma menina e um menino. A calmaria cessou quando quase sofreu um infarto, em 2013.

O diagnóstico de Renata veio cheio de restrições: ela sofria de hipertensão arterial pulmonar (HAP) e precisaria, entre outras medidas, evitar qualquer quantidade de sal e excesso de água. A doença que afeta os pulmões é rara, limitante e não tem cura. O marido de Renata largou o emprego, e ela entrou em depressão.

Hoje, com 33 anos, Renata diz que aprendeu a viver com o medo. O problema, segundo ela, é lidar com as dificuldades para obter o medicamento no DF.

Remédio em falta
Pacientes com HAP estão sofrendo, pela segunda vez no ano, com a falta de Bosentana nas farmácias de alto custo. O remédio é essencial para retardar a progressão da patologia. “A falta do medicamento é tão grave quanto o diagnóstico. Sem os comprimidos, a limitação do paciente aumenta e pode levá-lo a morte”, afirma a pneumologista Verônica Amado, coordenadora do Ambulatório de HAP da Universidade de Brasília (UnB).

Com a greve dos servidores da Saúde, deflagrada no último dia 8, a situação piorou. “Há meses não consigo retirar o remédio nas farmácias de alto custo. Está em falta. Troquei o medicamento por conta disso, mas agora não consigo ser atendida, já que estão distribuindo apenas 100 senhas por dia, e as filas começam a se formar de madrugada”, lamenta Renata.

Em Brasília, a pneumologista Veronica Amado estima que existam quase 200 pessoas com o mal. “Não é tanta gente assim para o remédio estar sempre em falta. Desde 2006, quando comecei a atender pacientes com essa doença, este é o ano mais crítico”, disse.

Edward Martins de Melo, 49 anos, é um dos pacientes que sofrem com a ausência do medicamento nas prateleiras das farmácias. Melo é aposentado por invalidez desde o diagnóstico. Mora em Unaí (MG), mas vem se tratar na capital federal. Ele convive há oito anos com a enfermidade.

Ação judicial
Revoltado com a falta de medicamento, acionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e aguarda decisão judicial. Nos últimos meses, segundo Melo, foi preciso recorrer aos amigos para desembolsar mais de R$ 3 mil — média de preço de uma caixa de Bosentana com 60 comprimidos.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do DF reconhece que o medicamento está em falta e informa que a compra de um novo lote de Bosentana está em fase de conclusão. Segundo a pasta, esse processo pode levar até 180 dias para ser concluído devido aos trâmites burocráticos.

Circulação
A hipertensão pulmonar é um conjunto de alterações que dificultam a passagem do sangue pelas artérias e veias pulmonares, fazendo com que o líquido não consiga fluir bem pelos pulmões. A situação aumenta a pressão arterial e dilata o coração. Com o tempo, o órgão se desgasta, podendo causar falta de ar, insuficiência cardíaca e até a morte.

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