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Máfia das Próteses orientava pacientes a mentir para planos de saúde

Interceptação telefônica mostra que secretária presa na Operação Mister Hyde ligou para paciente sugerindo que ela confirmasse ao convênio que havia passado por um procedimento que não tinha sido feito. Em outro áudio, sócio e vendedora da TM Medical ficam preocupados depois que um dos planos passou a exigir a apresentação dos lacres que vedam as caixas dos materiais

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Operação Mister Hyde
1 de 1 Operação Mister Hyde - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Pressionar pacientes e a administração de hospitais para faturar cada vez mais com a venda de materiais usados em cirurgias. As investigações feitas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) mostram que essa era a estratégia da Máfia das Próteses para alavancar o esquema que pode ter rendido R$ 30 milhões aos envolvidos.

Em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Civil durante as investigações que deram origem à Operação Mister Hyde, pessoas ligadas à empresa TM Medical, que estaria envolvida no esquema criminoso, usam subterfúgios para escoar órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) desnecessários.

Em um dos áudios, a secretária de um médico é flagrada orientando uma paciente a mentir para o plano de saúde sobre um procedimento que não havia sido feito. Em outro, um dos sócios da TM Medical, Micael Bezerra Alves, conversa com Danielle de Oliveira, uma das vendedoras da empresa, sobre como iriam burlar a auditoria de um dos planos de saúde.

Na interceptação, os dois ficam preocupados depois que um dos planos passou a exigir a apresentação dos lacres que vedam as caixas dos materiais. “Eles (o plano) querem saber o que a gente tá abrindo. Um adesivo qualquer eles não estão aceitando, sabe por quê? Como você vai abrir uma caixa da Razek e colocar o lacre da Esculápio (símbolo da medicina)?”, questiona Micael. O grampo revela que a Máfia das Próteses faz a cotação de um determinado material, mas outro completamente diferente – e mais barato – é usado nas cirurgias.

Ouça o áudio na íntegra:

 

Orientação para mentir
Em outro áudio, a polícia flagrou a conversa de Naura Rejane Pinheiro, secretária do médico Henry Campos – que foi preso na quinta-feira (1/9) e solto pela Justiça no dia seguinte –, tentando convencer uma paciente a mentir sobre um procedimento médico que nunca havia sido feito.

Naura, que também foi presa no mesmo dia que o chefe, liga para a paciente alertando que ela deveria receber uma ligação do plano de saúde. “Se o plano ligar, a senhora deve dizer que fez uma infiltração no consultório”, diz a secretária. Em seguida, a paciente rebate: “Eu não minto, não”. Pressionada, Naura ameaça a paciente dizendo que, caso não simule que havia feito o procedimento, o processo para a realização da cirurgia iria zerar e todas as etapas precisariam ser feitas novamente.

A interceptação mostra que, mesmo com toda dificuldade, a paciente não iria mentir para o plano de saúde, caso alguém ligasse para confirmar a informação. Sem alternativa, Naura acaba orientando a mulher a ligar para o médico Henry Campos para avisá-lo de que não falaria sobre a realização de uma infiltração que não fora feita.

Henry conseguiu habeas corpus na Justiça na sexta, um dia depois de deflagrada a operação pela Polícia Civil e o MPDFT. Também foram colocados em liberdade os médicos Rogério Gomes Damasceno, Wenner Costa Catanhêde e Leandro Flores, além de Mariza Martins, que seria sócia da TM Medical.

Larissa Rodrigues/Metrópoles
Material recolhido na TM Medical nesta segunda-feira

 

Nessa segunda (5), a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) ouviu três pessoas que podem ser vítimas da Máfia das Próteses. Foram recolhidos mais materiais na TM Medical, que serão analisados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu apoio à ação, para ver se encontrava na empresa materiais vencidos. Desde quinta, pelo menos 50 pessoas procuraram a delegacia para fazer denúncias contra os envolvidos no suposto esquema. A Polícia Civil não descarta a participação de mais hospitais e médicos.

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