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Máfia das Próteses: envolvimento de mais hospitais não é descartado

Pacientes citam outras unidades de saúde nas quais foram submetidos a cirurgias feitas por médicos envolvidos no esquema. Delegado da Deco diz que tudo será investigado no esquema, que pode ser antigo

atualizado

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hospital home, máfia das próteses
1 de 1 hospital home, máfia das próteses - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Pelo menos mais três hospitais do Distrito Federal foram citados por pessoas que teriam sido vítimas da Máfia das Próteses. Nesta segunda-feira (5/9), o Metrópoles conversou com pacientes que procuraram a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) e declararam terem sido operados por médicos envolvidos no escândalo revelado pela Operação Mister Hyde em outras unidades de saúde, fora o Hospital Home, um dos alvos da investigação.

Pelo menos 50 pessoas procuraram a Deco desde a quinta-feira (1º/9), quando foi deflagrada a operação pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Há relatos de pessoas que dizem ter ficado com sequelas após cirurgias feitas pelos médicos acusados em 2007, o que dá pistas de que o esquema pode ser antigo.

Os pacientes citaram os hospitais Anchieta, Santa Helena, Daher e das Forças Armadas (HFA). A Polícia Civil não descarta o envolvimento de outras unidades de saúde no escândalo. “A gente vai investigar tudo. O processo será longo, até porque não estamos conseguindo ouvir todo mundo devido à Operação Legalidade (da Polícia Civil)”, explicou o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente.

Uma das possíveis vítimas, ainda não ouvida pela polícia, contou à reportagem que, na primeira consulta que reclamou de dores nas costas, o médico Leandro Flores, que foi preso na quinta e liberado um dia depois, indicou a cirurgia no Santa Helena. “Eu não sei mais o que não é sentir dor. Ele colocou vários parafusos, um deles soltou. Agora, tenho várias sequelas, não consigo trabalhar e vou precisar passar por outra cirurgia para tentar melhorar”, explicou.

Outra mulher, de 65 anos, teria ficado sem andar depois que o mesmo médico a operou de artrose. Ele colocou vários parafusos na coluna da paciente. Depois, ela diz que passou a sentir muita dor, procurou o médico e ele teria abandonado o caso. De la pra cá, precisou passar por mais duas cirurgias, mas não foi possível reparar o osso. A aposentada está paraplégica.

Procurado pela reportagem, o advogado Wendell Santana, que defende o médico Leandro Flores, informou que o seu cliente afirma que todas as cirurgias que realizou foram “adequadas, necessárias e que nunca usou nenhuma prótese ou órtese sem necessidade ou fora da literatura médica”.

Agora, a Polícia Civil vai convocar essas vítimas para seguir a investigação do caso. Por enquanto, não há nenhuma denúncia formal contra as três unidades de saúde. Procurado pela reportagem, o Hospital Daher informou não ter conhecimento sobre as denúncias. Já o Hospital Santa Helena afirmou que, desde que a Rede D’or assumiu a unidade de saúde, em dezembro de 2015, o médico Leandro Flores não realizou mais nenhuma cirurgia no local.

O HFA garante não ter conhecimento de nenhuma cirurgia feita indevidamente na unidade. Mas informa que “se algum paciente sentir se lesado pode procurar a ouvidora da entidade para que seja investigado.” Em nota, o Hospital Home rechaça qualquer envolvimento com o esquema e diz que os médicos cirurgiões citados no escândalo não fazem parte do corpo clínico da instituição.

Memória

O esquema da Máfia das Próteses foi relevado pela Operação Mister Hyde, que recebeu esse nome em alusão ao filme de terror “O médico e o monstro”. Segundo os investigadores, teria movimentado pelo menos R$ 30 milhões em cirurgias, equipamentos e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a procedimentos desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar mais lucro para os suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram utilizados produtos vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.

Cerca de 60 pacientes, de acordo com a polícia, foram lesados em 2016 somente por uma empresa, a TM Medical. Nesta segunda, os agentes da Deco fizeram novas buscas na TM e recolheram mais materiais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu apoio à ação.

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