Lavanderia do hospital de Santa Maria está parada há mais de um mês
Serviço está sendo direcionado principalmente para o Hospital Regional do Gama (foto), onde servidores alegam sobrecarga
atualizado
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Um novo dia, um novo episódio da crise que assola o sistema de saúde público do Distrito Federal. Desta vez, o problema é na lavanderia do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), que está sem funcionar há cerca de 30 dias. Por conta da situação, as roupas sujas da unidade de saúde estão sendo encaminhadas para outros hospitais da rede pública, principalmente o Hospital Regional do Gama (HRG), onde funcionários alegam estar sobrecarregados.
A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF). Segundo a entidade, há apenas 26 servidores lotados na lavanderia do hospital do Gama, que se revezam em plantões de 12 horas. Eles são responsáveis por recolher e ensacar as roupas sujas, levadas por uma empresa terceirizada que faz a lavagem.“Nossa equipe é muito pequena para uma demanda enorme. No início do mês, só traziam as roupas do HRSM nos fins de semana. Agora estão trazendo todos os dias e não damos conta de lavar tudo, porque é muita roupa. Por isso, estão acumuladas nos corredores”, afirma um funcionário do HRG que não quis se identificar.
Depois de entregues limpas, os servidores separam as roupas de cada setor e realizam a entrega. Segundo os funcionários, após o problema na lavanderia da HRSM, tem sido difícil atender à demanda. Os trabalhadores ainda levantam suspeitas sobre a terceirização do serviço no hospital do Gama.
A lavanderia do HRG foi reformada há oito anos e, segundo funcionários, “possui um ótimo maquinário”. “Quando tentamos reativar a lavanderia aqui do HRG, a secretaria alegou que a caldeira não tinha condições de suportar a demanda e, por isso, a empresa terceirizada (NJ) deveria continuar fazendo o serviço. Se a caldeira não pode funcionar para lavar as roupas daqui pode funcionar para lavar as roupas do Hospital de Santa Maria?”, reclamam servidores, em denúncia enviada ao sindicato.
Dispensa de licitação
A lavanderia do HRSM está fechada porque a NJ Lavanderia Industrial e Hospitalar, empresa que realizava o serviço, foi substituída pela TecLav. Segundo os servidores, no entanto, a nova empresa ainda não assumiu a operação no local.
A contratação da nova prestadora de serviços já havia, inclusive, sido alvo de polêmica. No mês passado, a Secretaria de Saúde do DF divulgou uma dispensa de licitação para a lavanderia do HRSM. O contrato, orçado em R$ 2.458.708,99, tem duração de 180 dias e prevê o “processamento de roupas e tecidos em geral”.
A medida, no entanto, foi tomada em meio a uma apuração do Tribunal de Contas do DF, que investiga irregularidades nas sucessivas dispensas de licitações para os serviços de higienização de roupas na rede de saúde pública de Brasília.
Um parecer do Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF), assinado pela procuradora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira e anexado ao processo, afirma: “Parece claro, portanto, que sem determinação, a SES não irá licitar. Por qual motivo a SES encontra recursos públicos e arma-se de agilidade para contratar emergencialmente ao invés de realizar o certame?”.
Fase de transição
Acionada pelo Metrópoles, a SES-DF divulgou nota alegando que “o serviço de lavanderia do Hospital Regional de Santa Maria, que é terceirizado, está temporariamente suspenso, por estar em fase de transição para a empresa que ganhou a licitação”.
Ainda de acordo com a pasta, “até o retorno das atividades pela nova empresa contratada, as roupas hospitalares serão lavadas nos hospitais de Brazlândia e do Paranoá. A lavanderia do HRG funciona apenas em situações emergenciais, como agora, para dar suporte ao HRSM”. (Com informações do SindSaúde)